A direção da Polícia Civil de Minas Gerais afastou ontem as delegadas Alessandra Wilke e Ana Maria dos Santos das investigações sobre o desaparecimento de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes. A decisão foi tomada um dia após a divulgação de imagens no programa Fantástico, da TV Globo, de uma conversa informal do goleiro com policiais no voo que o levou detido do Rio para Minas, há duas semanas.
Na gravação, o jogador diz ser inocente e que não pode mais confiar no amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, que também foi preso. Foi aberto ainda um procedimento administrativo na polícia para apurar o vazamento do material. Com a saída de Alessandra, o comando do inquérito passou para Edson Moreira, delegado titular da Delegacia de Homicídios.
Questionado se o afastamento da delegada tinha relação com a divulgação do vídeo, o chefe da Polícia Civil, Marco Antônio Monteiro, disse apenas que a medida visa "restringir o acesso a informações para resguardar o trabalho e agilizar a conclusão do inquérito. As delegadas não foram localizadas para comentar o assunto.
Críticas
O advogado de Bruno e de outros envolvidos, Ércio Quaresma, afirmou que o vídeo não tem validade legal. "Vou evidenciar no curso desse teatro dos horrores o que está sendo feito nessa investigação para que o poder Judiciário de Minas e o Ministério Público saibam como se preside inquérito em Minas.
Ontem, Bruno e Macarrão foram levados ao Departamento de Investigações em Belo Horizonte para novos depoimentos. Segundo Frederico Franco, um dos advogados do goleiro, Bruno falou somente sobre o vídeo feito durante sua transferência do Rio para Minas. Após os interrogatórios, eles voltaram ao presídio Nelson Hungria, de segurança máxima, em Contagem (MG), onde estão desde 9 de julho.
Já Quaresma acusou um delegado de agredir Macarrão no interrogatório. De acordo com o defensor, o delegado Julio Wilke deu um tapa no peito do suspeito, que caiu no chão.
A discussão, diz o advogado, ocorreu quando o policial tentava convencer o preso a trocar de advogado. O delegado classificou a denúncia de "calúnia e disse que nem estava no interrogatório.
OAB
A seção Minas Gerais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou ontem que vai investigar como foi feita a gravação e o seu vazamento. O secretário-geral da OAB em Minas, Sérgio Murilo Diniz Braga, esteve na sede do Departamento de Investigações "para assegurar as prerrogativas profissionais dos advogados que atuam no caso". Os advogados reclamavam de não terem acesso aos autos do inquérito. "Não se trata de privilégios, mas sim, de proteger a cidadania e a democracia. É neste sentido que a OAB está agindo", disse Braga.