Chuvas com ventos fortes de até 107 quilômetros por hora provocaram ontem a queda de três torres do sistema de Furnas, que leva energia de Itaipu para o Sul e Sudeste do país, no município de Tupãssi, no Oeste do Paraná. Um sistema auxiliar foi acionado, o que evitou interrupções no fornecimento de energia. Em Marilena, às margens do Rio Paraná, no Noroeste do estado, os ventos viraram uma embarcação de pesca. Duas pessoas conseguiram chegar à margem, mas o delegado aposentado Luiz Carlos Azevedo permanecia desaparecido, até o início da noite de ontem, e estava sendo procurado pelo Corpo de Bombeiros.
Os ventos destelharam pelo menos 110 casas e derrubaram dezenas de árvores em vários municípios do Paraná. Pelo menos 13 cidades tiveram prejuízos materiais com o temporal. Os danos foram causados, na maioria, por quedas de árvores sobre casas, carros e redes elétricas.
De acordo com o tenente Eduardo Gomes Pinheiro, chefe da comunicação social da Defesa Civil do Paraná, as piores situações se concentraram em quatro cidades do Oeste Braganey, Laranjal, Medianeira e Marmeleiro.
Em Tupãssi, técnicos de Furnas passaram a tarde de ontem avaliando os danos. Eles calculam que vão demorar pelo menos quatro dias para reerguer as estruturas, que pesam 250 toneladas cada. Para isso, 250 homens precisarão trabalhar no local.
Em Cascavel, o temporal arrancou parte da cobertura do prédio onde funciona o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e danificou a central telefônica. Em Maringá, a meteorologia do Aeroporto Regional registrou vendaval de 138 km/h no momento em que o temporal chegou à cidade, por volta de 8 horas. Depois disso, a Secretaria de Serviços Públicos passou o dia removendo as 58 árvores que caíram em toda a cidade. Uma delas desabou sobre um carro em movimento, ferindo o motorista.
Dez postes também caíram, deixando 4,2 mil casas sem energia em Maringá. Por volta de 19 horas, ainda havia residências no escuro. Na mesma região, Sarandi teve casas destelhadas e ruas alagadas, o que complicou o trânsito. Em Marialva, além de prejuízos materiais, centenas de alunos foram dispensados porque faltou luz em duas escolas.
No Norte Pioneiro, Cornélio Procópio, Andirá, Jaguariaíva e Bandeirantes tiveram casas destelhadas e famílias desalojadas. No total, 90 mil residências ficaram sem eletricidade. Em Campo Mourão, por volta das 8h20, uma nuvem escura cobriu toda a região e assustou moradores da cidade, dez dias depois de uma chuva de granizo destruir cerca de 1,6 mil telhados. A cidade ainda se recupera dos prejuízos e muitas casas seguem cobertas com lonas.
Frente fria
Segundo o Simepar, as tormentas foram causadas por uma frente fria que veio da Argentina e se deslocou sobre a Região Sul do Brasil. A frente de instabilidade, contudo, avançou rapidamente e já seguiu para o Sudeste.
A aproximação da frente fria provocou fortes rajadas de vento também no estado de São Paulo ontem. Até as 10h30, os ventos alcançaram 63 km/h no Aeroporto de Viracopos, na região de Campinas. Hoje, cidades do centro-oeste de São Paulo devem amanhecer sem chuva. Na capital e nas demais áreas do interior, a chuva vai diminuir ou mesmo parar durante a tarde.
Para Curitiba e litoral, a previsão é de chuva, mas sem rajadas de vento. O tempo ficará encoberto nas demais regiões do Paraná, mas não deve voltar a chover. Nas regiões Norte e Noroeste, as temperaturas podem chegar a 25ºC.