O delegado Antônio Assunção de Olim, responsável pela investigação da morte da advogada Mércia Nakashima, disse nesta terça-feira (12) que o ex-namorado dela Mizael Bispo de Souza tem culpa no crime. A afirmação ocorreu durante depoimento que durou mais de cinco horas nesse segundo dia de julgamento.
Ao ser questionado sobre a participação de outras pessoas no crime, Olim afirmou ter certeza que "foram só os dois" - Mizael e o vigia Evandro Bezerra Silva. Inicialmente, os dois seriam julgados ao mesmo tempo, mas o caso foi desmembrado e o júri do vigilante foi adiado para 29 de julho.
Segundo o delegado, os principais indícios para crer que os dois são culpados são o percurso do carro de Mizael, refeito nas investigações a partir do rastreamento do sinal do GPS instalado no veículo, e as diversas ligações telefônicas dele a Evandro. No depoimento de hoje, os advogados de Mizael tentaram desqualificar a investigação comandada por Olim. A inquirição da defesa chegou a irritar a testemunha diversas vezes, assim como o juiz Leandro Cano, que ameaçou mais de uma vez instaurar o sistema presidencialista caso as perguntas continuassem a ser acrescidas de comentários.
O advogado de defesa Ivon Ribeiro confrontou ainda o vídeo em que Evandro aparece depondo no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) apontando que a versão transcrita nos autos estava diferente. Nesse momento, foi a vez do promotor se exaltar com o advogado. "O senhor é desleal e mentiroso! O diabo é o pai da mentira. O senhor é amigo do diabo!", disse o promotor Rodrigo Merli Antunes.
Os advogados alegaram que o delegado entrou em contradições e não sabia informações importantes e se contradizia sobre a investigação. Uma delas é que foi encontrado um cigarro com saliva feminina no carro de Mizael, e Mércia não fumava. Os advogados também questionaram se o delegado sabia que Mizael jogava futebol em Várzea Paulista (a 54 km de São Paulo), local onde ocorreu o crime. A intenção era mostrar que as algas encontradas no sapato de Mizael após o crime pode ter grudado em uma das visitas ao município.
Nesta segunda-feira (11), o biólogo Carlos Eduardo de Mattos Bicudo afirmou em depoimento que as algas são as mesmas encontradas na região da represa de Nazaré Paulista (a 64 km de São Paulo, local onde foi encontrado o corpo de Mércia.