Casos antigos
Alves já respondeu por outros dois processos
O delegado Maurílio Alves já respondeu por outros casos de extorsão. Um deles foi em 2006, quando estava na Delegacia de Homicídios, em Curitiba. Outro aconteceu em 2002, em Foz do Iguaçu, quando Alves chegou a ser preso duas vezes acusado de tentar extorquir uma mulher que buscava recuperar um carro roubado. A reportagem da Gazeta do Povo procurou a corregedora-geral da Polícia Civil, delegada Charis Negrão Tonhozi, para comentar os casos, mas ela não foi encontrada. Ela chegou a investigar a irregularidade cometida por Alves em 2006.
Um procedimento paralelo deve ser aberto na Corregedoria para investigar administrativamente os policiais de Campo Largo. De acordo com o Estatuto da Polícia Civil, eles podem ser afastados do cargo por decisão judicial ou por decisão após julgamento do Conselho da Polícia Civil. No entanto, caso sejam condenados, o governador tem autonomia para afastar ou absolver o policial.
Alto Maracanã
Um caso semelhante ocorreu na delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, região metropolitana de Curitiba, no ano passado.
A então delegada da unidade, Márcia Rejane Vieira Marcondes, foi detida ao lado de mais nove policiais civis e do superintendente José Antônio Braga. Todos eram suspeitos de extorquir traficantes de drogas na região. Esse caso deve ser julgado em abril de 2011, no fórum de Colombo. (DR)
O delegado Maurílio Alves, da delegacia de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, foi preso ontem suspeito de participar de um esquema de extorsão contra o caminhoneiro Valdeci Deda. O superintendente do distrito policial Adão Osmário de Almeida e dois advogados também foram detidos. Acompanhado do superintendente e de um investigador, Alves teria pedido R$ 220 mil para não manter a vítima presa por transportar cinco caixas de cigarro sem procedência.
O delegado teria, inclusive, negociado uma mesada de R$ 3 mil com Deda a ser paga enquanto estivesse nas investigações em Campo Largo. A denúncia foi feita ao Ministério Público na semana passada pelo empresário Marco Sobota, amigo da vítima. O caso foi levado ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), responsável pelas prisões.
Entre os presos estão os advogados de Deda, Evaldo Pissaia e Renato Celso Beraldo Júnior, que também estariam no esquema. Cerca de R$ 55 mil chegou a ser entregue aos advogados, que supostamente dividiriam o dinheiro com os policiais. Um investigador acusado de participar do crime estava foragido até o fim da tarde de ontem.
O delegado e o superintendente seriam levados para a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), enquanto Pissaia e Beraldo Júnior deveriam ser encaminhados para o Centro de Detenção e Ressocialização (CDR), em Piraquara, onde há um espaço para advogados detidos. Todos estão presos preventivamente.
Com Pissaia foi apreendido um revólver calibre 38, sem registro. Na casa de Beraldo Júnior foram localizados vários documentos. De acordo com o Gaeco, uma folha de caderno com anotações sobre supostas vítimas de extorsão foi encontrada com Almeida. O delegado e o superintendente não quiseram se pronunciar no momento da prisão. O defensor dos advogados, Edson Gonçalves, disse que seus clientes negam estarem envolvidos com o crime.
Denúncia
O caminhoneiro Valdeci Deda chegou a Campo Largo no dia 23 de agosto para entregar cinco caixas de cigarro em um bar. Segundo o empresário Sobota, Deda foi abordado pelo superintendente Almeida e um investigador. Depois de encontrarem as caixas, eles teriam ido até a casa do caminhoneiro para revistar o local.
Segundo o Gaeco, os dois policiais chamaram o sócio de Deda, Ulisses Bassani, para comparecer na delegacia. Foi quando teriam pedido R$ 220 mil e Bassani chamou o advogado Pissaia. Sobota conta que Pissaia teria alertado seus clientes para pagarem o valor porque os policiais seriam perigosos.
Deda e Bassani falaram que não teriam o dinheiro. Os policiais pediram só uma parte do pagamento. Sobota afirma que os dois teriam sido liberados depois de pagar R$ 40 mil. Outros R$ 15 mil foram pagos nos dias seguintes.
Logo que soube do caso, Sobota tentou intervir a favor dos amigos e conversou com o delegado, que teria baixado e pedido R$ 3 mil por mês para não "incomodar" Deda.
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