Em entrevista coletiva na tarde desta sexta (27), o chefe de Polícia Civil do Rio, Fernando Veloso, afirmou que há “indícios veementes” de que houve estupro da adolescente de 16 anos, mas que ainda faltam elementos para pedir a prisão de quatro dos suspeitos que já foram identificados.
“Não podemos afirmar ainda se houve ou não, de que forma houve. Não podemos nos basear no ‘ouvi dizer’. Só o exame de corpo de delito vai apontar se houve estupro ou não. O laudo pode trazer uma certeza ou uma dúvida”, disse Veloso.
Diferentemente do que havia sido informado pela Polícia Civil na noite de quinta (26), o delegado responsável pelo caso, Alessandro Thiers, disse que ainda não pediu a prisão de nenhum dos quatro homens identificados de terem participado do crime.
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“Estou avaliando. Há uma linha de investigação que pode levar a isso”, disse o delegado. “Nem todas as quatro pessoas identificadas participaram do ato. A polícia se preocupa em investigar e buscar a verdade, não só prender.”
Identificação
Apesar de ainda avaliar se pedirá a prisão dos suspeitos, o delegado disse já ter identificado a atuação de cada um no crime: dois deles foram responsáveis por postar e transmitir o vídeo da menor nua, outro seria o namorado da adolescente que a levou para o encontro dos outros homens e um quarto fez uma selfie ao lado da jovem depois de violentada.
Passados três dias do registro de ocorrência, a polícia ainda não foi ao local do crime, o morro da Barão, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, à procura dos possíveis agressores da adolescente.
Thiers afirmou que a vítima será ouvida novamente pela polícia. “Vamos reinquirir a jovem para novos depoimentos e aprofundar dados. Fala-se de 30, 33, 36 homens. Outros dados estão sendo trazidos e vão sendo avaliados”, disse o delegado.
Já Fernando Veloso disse que a polícia fará uma investigação célere. “Isso nos choca como pai, marido. Mas temos que ir com calma. Dizem que pessoas estão sendo mortas por participarem deste caso. Não está confirmado.”
Em nota oficial, o governador em exercício do Rio, Francisco Dornelles, chamou o ato de barbárie . Dornelles determinou prioridade nas investigações.
“O que aconteceu é estarrecedor e inaceitável. Estamos atuando em regime de prioridade, com total dedicação de nossas autoridades e profissionais, para que tenhamos uma rápida resposta à vítima, sua família e à sociedade”, disse Dornelles.
O governador em exercício pediu prioridade máxima à investigação “até a identificação e a rigorosa punição dos envolvidos na barbárie”.