O delegado Luís Carlos de Oliveira negou ontem que "lavava" na Argentina o dinheiro obtido a partir de uma rede de corrupção denunciada na semana passada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), na conclusão da Operação Vortex. Segundo as investigações, ele convertia em dólares o dinheiro arrecadado com a cobrança de propina de donos de autopeças e desmanches de Curitiba e região. Em abril, US$ 98 mil foram apreendidos na casa do delegado.
Segundo Oliveira, os dólares provêm de apostas feitas por ele em cassinos de Puerto Iguazu, na Argentina. Em entrevista coletiva, ele afirmou que ganhou US$ 103 mil no início deste ano: US$ 30 mil em fevereiro e US$ 73 mil em março. O delegado confessou ser viciado em jogos de azar e disse que nos últimos 14 anos viajava mensalmente à cidade argentina para apostar na roleta. "Eu jogava até ontem. Deixei de jogar porque o jogo não está prejudicando só a mim, mas a minha instituição", disse.
Contradição
As alegações de Oliveira, no entanto, não correspondem ao que ele mesmo havia dito aos promotores. De acordo com o Gaeco, no dia do mandado de busca, ele afirmou que tinha ganhado os US$ 98 mil em uma única vez. Posteriormente, em depoimento, afirmou que ganhou aos poucos. "De um ano para cá, vou ao cassino uma vez por mês, mas jogo pouco. Cheguei ao US$ 98 mil de pouco. Fui ganhando", disse, em depoimento.
Para o Gaeco, "este quadro de fortes inconsistências" na versão de Oliveira para origem dos dólares, "aliado às evidências de que ele era o idealizador e o líder da quadrilha, (...) forma um robusto fático-probatório no sentido de que os US$ 98 mil são produto de corrupção".
Oliveira foi denunciado por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção passiva e concussão. Outros três delegados, 16 policiais civis e três donos de lojas também foram denunciados.