Policiais militares de São Paulo trocaram mensagens de WhatsApp em que acusam o delegado Raphael Zanon de “odiar a PM” e convocaram “irmãos de farda” para o 103º Distrito Policial (Itaquera), na zona leste da capital, na noite de terça-feira (20). No local, o sargento Charles Otaga, de 41 anos, foi preso em flagrante sob suspeita de tortura, abuso de autoridade e lesão corporal contra um assaltante.
Em um dos áudios obtidos pela reportagem, os policiais afirmam que o delegado está “todo estressadinho”. O motivo, dizem os PMs, seria o “ciclo completo de polícia”, quando uma força policial pega a ocorrência do começo ao fim, em discussão no Congresso, e a Resolução 57/15, da Secretaria de Segurança Pública, que determina a rápida liberação dos PMs em casos de flagrante.
“Esse delegado aqui do 103 está doido da vida com a PM por causa do ciclo completo de polícia. Está todo estressadinho. E por causa da Resolução 57. Toda ocorrência que é levada para ele, ele quer inverter contra os ‘mikes’ (termo usado para PMs)”, diz um dos áudios.
O sargento Otaga foi autuado em flagrante após o suspeito Afonso de Carvalho Oliveira Trudes, de 23 anos, preso por roubar R$ 60 e o celular em um assalto a uma loja de sapatos em Itaquera, declarar que foi torturado com socos, choques na costela, pênis, bolsa escrotal e pescoço. O suspeito também disse ter sido ameaçado de morte com uma faca pelo PM.
O laudo da Polícia técnico-científica aponta que o assaltante sofreu agressões corporais de natureza leve, provocadas por agente contundente, mas o PM nega as acusações de tortura. Outros dois policiais, que participaram da prisão de Trudes, são investigados.
Em protesto, PMs de diversos batalhões foram com trajes civis até o 103° Distrito Policial (Itaquera) e cercaram a delegacia para prestar apoio ao colega e criticar o delegado do caso.
De acordo com o Jorna Nacional, o delegado deixou o distrito policial escoltado na madrugada desta quarta-feira (21). A reportagem do JN informou que a Justiça decidiu que o PM e o suspeito pelo roubo devem ficar presos até o julgamento de seus respectivos crimes.
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