Cerca de 6 mil agricultores brasileiros se reuniram ontem em Santa Rosa do Monday, no Paraguai, para denunciar uma nova onda de invasões a propriedades rurais nos principais estados produtores de grãos e de soja do país. De acordo com os brasiguaios, soldados estão ilegalmente demarcando terras que alegam serem da União. Os abusos teriam o aval do Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert) e do próprio presidente Fernando Lugo.
No sábado, sem-terras que acompanham os soldados do Instituto Geográfico Militar em um trabalho de demarcação das terras na faixa de fronteira determinado pelo governo federal teriam aproveitado a presença das Forças Armadas para ameaçar produtores da região. Armados, destruíram veículos e maquinários, além de impedirem o início da colheita de soja. Entre os agredidos está a prefeita de Santa Rosa, María Victoria Salinas Sosa. "O único objetivo deles é incitar a violência."
O emprego de militares na identificação de supostos excedentes de terras ou titularidades irregulares, iniciada este mês, é "totalmente inconstitucional", denuncia o advogado Felino Amarilla. "Os primeiros títulos das terras que eles dizem agora serem irregulares foram vendidos pelo próprio governo em 1886 e repassados em 1963 ao Indert, que os vendeu novamente. Metade está hipotecada nos bancos privados como garantia pelos empréstimos que os agricultores fazem. Se fossem irregulares não teriam valor."
Segundo o presidente da Coordenadora Agrícola do Paraguai, em Alto Paraná, Adir Lui, a situação deve ficar mais tensa nos próximos meses. As invasões, antes restritas aos estados de Alto Paraná, Canindeyú, Itapúa e San Pedro, já se espalharam por todo o país. Estima-se que 250 mil agricultores brasileiros estariam sendo prejudicados.
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