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Depois de 22 anos como professor do curso de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o doutor em Direito das Relações Sociais José Lino Menegassi foi surpreendido com a demissão, em dezembro do ano passado. Ele garante que desconhecia qualquer motivo concreto que justificasse a perda do emprego. "Eles falaram que não queriam professores doutores só na graduação", diz. "Vários outros foram demitidos comigo."

Na avaliação de Menegassi, ainda imperam relações de compromissos pessoais na gerência das instituições privadas. "Diante de laços de amizades com as coordenações dos cursos, a titulação do professor é deixada em segundo plano", alerta. Além disso, ele afirma que os doutores sofrem discriminação por terem pensamentos mais críticos e se sujeitarem menos a determinadas pressões do dia-a-dia. "Somos considerados perigosos ao bom andamento da instituição", revela. "Chegam até a orientar os professores mais novos para que não se aproximem muito da gente."

Casos como esse são frequentes, segundo o Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes). O vice-presidente da entidade, Valdyr Perrini, afirma que recebe queixas constantes de doutores demitidos de instituições privadas sem justificativa aparente. Devido a essa falta de argumentos, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) no Paraná tem dado ganho de causa a professores que entram na Justiça questionando as demissões. Em uma sentença contra a Universidade Positivo, por exemplo, o juiz Arion Mazurkevic condenou a instituição a pagar R$ 70 mil ao professor de Direito Sérgio Ricardo Guerrera. O texto do juiz alega que a UP "apropriou-se do nome e da imagem profissional do autor para obter vantagem, tanto na aprovação do curso junto ao MEC, como para despertar o interesse dos futuros alunos". A Universidade Positivo recorreu da decisão do TRT.

De acordo com Valdyr Perrini, os professores se sentem usados por ajudarem a liberar o funcionamento dos cursos, mas acabarem demitidos assim que o MEC termina as avaliações. "Ser doutor, hoje, tem efeito contrário ao esperado", lamenta. "Mas o Ministério faz vista grossa a isso tudo. Eles marcam as visitas com antecedência e dão tempo para as particulares maquiarem toda uma situação." (ELG)

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