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Obra que foi pintada em janeiro do ano passado e retratava a Revolta dos Posseiros | Angela Cristina Luft/ Prefeitura de Capanema
Obra que foi pintada em janeiro do ano passado e retratava a Revolta dos Posseiros| Foto: Angela Cristina Luft/ Prefeitura de Capanema

Contraponto

Prefeitura diz que não tinha como manter painel durante obras

A prefeitura de Capanema informou, por meio da assessoria de imprensa, que não havia como dar continuidade à obra no prédio sem destruir o painel. O município disse ainda que a demolição foi parcial. Marcos Lima, assessor da prefeita Lindamir Denardin (PSDB), afirmou que os engenheiros consideraram que o painel estava em um local inapropriado e não seria possível reformar o prédio sem a demolição.

Segundo a prefeitura, desde a construção do edifício, na década de 1970, nunca houve um projeto de reforma. Ainda segundo a assessoria, a obra não fazia parte do patrimônio histórico do município e foi colocada na fachada do prédio "sem estudo prévio e sem planejamento".

  • Revolta dos Posseiros foi destruída para a ampliação do prédio

A demolição de uma obra do artista plástico Marcos Andruchak, considerado um dos maiores muralistas (arte em muros) do Brasil, revoltou moradores de Capanema, no Sudoeste do Paraná. Parte da pintura foi destruída na semana passada para obras de reforma e ampliação do prédio da prefeitura.

O mural retratava a Revolta dos Posseiros, um levante da década de 1950 ocasionado por disputas de terras na região – o conflito faz parte da história da colonização do Sudoeste do Paraná. A obra em Capanema foi pintada em janeiro do ano passado e teve a participação da comunidade. Andruchak, que nasceu na cidade, não cobrou pelo trabalho e decidiu presentear o município, que comemorava 60 anos de emancipação.

A professora Zaida Terezinha Parabocz classificou a demolição como "crime" e "agressão" ao trabalho do artista, que tem obras espalhadas em vários países do mundo. "Se o município tivesse pago (pela obra), assim mesmo seria discutível, mas poderia até demolir. Acontece que ele (Andruchak) deu de presente essa obra", diz.

A aposentada Sirlei Foquezatto disse que Capanema desrespeitou o artista. "Eu estou estarrecida com as coisas que estão acontecendo na nossa cidade", comentou. Para ela, a prefeitura deveria ter convocado uma audiência para ouvir a população antes de tomar a decisão.

Imediatamente após o anúncio de que a obra seria demolida, manifestações contrárias tomaram conta das redes sociais, mas o apelo não foi ouvido pelos gestores públicos. "Onde a cultura é desprezada, não resta nada a não ser lamentar", escreveu um internauta.

Decepção

O próprio artista não esconde a decepção com a demolição do trabalho em sua terra natal. "Fique triste porque não sei o que pode ter acontecido. O trabalho foi uma doação", diz. Ele afirma que a demolição poderia ter ocorrido com qualquer uma de suas obras espalhadas pelo mundo, mas o mais triste é aconteceu na cidade onde nasceu.

Reconhecido internacionalmente, o paranaense tem obras expostas em países como França, Itália, Portugal, Espanha, Estados Unidos e Japão. No Brasil, existem obras de Andruchak em pelo menos cem cidades. Ele atualmente chefia o Departamento de Arte da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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