Foz do Iguaçu - As autoridades sanitárias que atuam na fronteira com o Paraguai e a Argentina programam para a próxima semana uma reunião com representantes dos dois países para traçar um plano de combate à dengue e de controle da doença. O avanço da dengue nos países vizinhos e a ameaça de uma epidemia transnacional colocaram a região em alerta e a prevenção deve ser reforçada com trabalhos coordenados e de cooperação com o Brasil. Em Foz do Iguaçu, o Centro de Controle de Zoonoses já identificou dois casos positivos.
Segundo a diretora da 9.ª Regional de Saúde, Anice Nagib Gazzaoui, a preocupação com a situação epidemiológica dos vizinhos é constante. "Para certas epidemias não existe fronteira. A proximidade com países onde nem sempre existe um controle rigoroso e as falhas nas ações são comuns e nos deixam à mercê", afirma. "Apesar de isoladas, as medidas adotadas pela Secretaria de Saúde têm evitado que a dengue atinja a região, mas ainda não sabemos qual a real situação no Paraguai e na Argentina."
Anice aponta a necessidade de um protocolo comum para os três países como alternativa no combate a uma série de doenças como a dengue, febre amarela e a Influenza A (H1N1). "Poderíamos uniformizar as ações de controle e as preventivas, estabelecendo também um canal de comunicação constante", diz, acrescentando que as barreiras diplomáticas ainda são os principais obstáculos para a cooperação e a troca de informações.
Alerta amarelo
Com 30 casos confirmados no estado de Misiones, que faz divisa com o Paraná e Santa Catarina, o Ministério da Saúde da Argentina declarou em sua página na internet que a região está sob alerta amarelo para a dengue. Outro motivo de preocupação são os altos índices de infestação do Aedes aegypti em alguns municípios. Em Puerto Iguazú, agentes de saúde encontraram larvas do mosquito em 17% dos 305 domicílios vistoriados.
A partir da próxima semana, equipes percorrerão os bairros para alertar a população sobre os perigos da doença e orientar sobre a necessidade de se eliminar os criadouros do mosquito. Outra medida reivindicada junto ao Ministério da Saúde, adiantou o subsecretário de Saúde de Misiones, Jorge Deschutter, é possibilitar que os resultados dos exames laboratoriais estejam prontos em no máximo 48 horas.
No Paraguai, até o início da semana haviam sido confirmados 165 casos da doença, a maioria na capital Assunção e na região de Ciudad del Este e Presidente Franco. Somados, os registros nas duas cidades fronteiriças somam 15 confirmações e 90 suspeitas. A exemplo da Argentina, equipes coordenadas pelo Serviço Nacional de Erradicação do Empaludismo (Senepa) estão promovendo arrastões de limpeza nas cidades mais afetadas.