• Carregando...

Com os meses quentes se aproximando, governo e população se armam contra um inimigo silencioso: o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, e que, ao contrário de outros mosquitos, não faz zumbido. Os números da doença em 2005 dão motivo para temer uma nova escalada. No Brasil, só entre janeiro e agosto, os 158 mil casos já superam em 70% o total de ocorrências do ano passado (93 mil).

No Paraná, são dez vezes mais contaminações que em 2004 (veja quadro acima). Mesmo assim, o diretor de Vigilância em Saúde e Pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Luiz Armando Erthal, não fala em epidemia. "Não existe um número mágico para sabermos quando se trata ou não de epidemia, mas posso dizer que, com os números atuais, não estamos nesse cenário", argumenta.

Para comprovar sua tese, Erthal mostra as estatísticas de anos anteriores. Se 2005 representa um salto em relação a 2004, o número de casos deste ano ainda não chegou a 10% do que havia sido registrado em 2003 – foram 9.438 ocorrências. "A seca no início do ano levou as pessoas a armazenarem água, oferecendo mais criadouros ao mosquito transmissor. E a mudança de prefeito em muitas cidades atrasou a reestruturação das equipes de combate à dengue, que são responsabilidade municipal", justifica.

A reportagem da Gazeta do Povo acompanhou uma dessas equipes no Jardim Botânico, em Curitiba. Segundo a Sesa, a capital teve sete casos da doença em 2005, todos importados (quando a contaminação ocorre fora da cidade) e até o começo desta semana os agentes que visitam casas e estabelecimentos comerciais já encontraram 23 focos do mosquito transmissor, em 16 bairros da capital. Cada quarteirão da cidade é visitado de quatro em quatro meses, explica a gerente Andréa Figueiredo, da empresa Saneamento Ambiental Urbano, responsável pelo combate à dengue na cidade desde 2002.

Em uma padaria, o agente Antônio Paiano encontrou garrafas e latas com a boca virada para cima, e a proprietária Matilde Pinto ficou surpresa ao saber que o mosquito da dengue também ronda as cabeças dos curitibanos. "Achei que fosse só no Rio de Janeiro", justifica.

Em outro estabelecimento, de lavagem de automóveis, Paiano encontrou água parada em tampas de latões e caixas d’água, onde havia apenas larvas de moscas. No fim da visita, o agente explicou ao proprietário, Mahmud Mafuz, que, por enquanto, foi encontrado na cidade apenas o mosquito e não o vírus da dengue. Mas Andréa completa: o vírus só será mantido longe da capital se a população se cuidar.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]