Os cirurgiões-dentistas municipais, que atendem em unidades de saúde de Curitiba, entraram em greve ontem por tempo indeterminado. Eles reivindicam isonomia salarial com os médicos do município. A categoria rejeitou a proposta feita pela prefeitura no começo deste mês que previa aumento dos salários em 20%. "Nós não estamos reivindicando um aumento e, sim, uma isonomia com os médicos, que sempre fizeram parte da mesma tabela que nós", explica Sibele Pereira de Oliveira, integrante da comissão de negociação.
Segundo o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), 70% dos dentistas aderiram ontem à greve e a maioria dos serviços odontológicos estava parada, com exceção de emergências. Entretanto, a secretária municipal da Saúde, Eliane Chomatas, afirma que a paralisação atingiu 40% dos atendimentos durante a manhã. "A greve é dos cirurgiões, mas outros profissionais que dependem desse serviço para trabalhar também pararam em função disso."
Nos dois Centros de Especialidades Odontológicas municipais, no Portão e no São Francisco, foi confirmado que não haviam cirurgiões-dentistas da prefeitura trabalhando. No centro do São Francisco, apenas dois dentistas do estado estavam presentes.
Protestos
Na manhã de ontem, cerca de 300 profissionais participaram de uma passeata e protestaram em frente à sede da prefeitura, no Centro Cívico. Eles ficaram no local até as 15 horas, mas não foram atendidos para nova negociação. Na manhã de hoje, outro protesto deles está marcado na frente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para conversarem com a secretária. "Vamos lá mostrar os contra cheques dos dentistas, pois eles recebem cerca de R$ 1,3 mil em início de carreira", diz a diretora-jurídica do Sismuc, Irene Rodrigues.
Segundo a prefeitura, os valores pagos variam conforme a carga horária de cada profissional. O salário bruto da categoria, sem os descontos, pode variar de R$ 2 mil a R$ 4,1 mil para um dentista iniciante, com 4 horas de trabalho por dia. Já profissionais com 8 horas, no programa Estratégia de Saúde da Família, receberiam entre R$ 6,2 mil e R$ 15 mil.
O presidente do Conselho de Regional de Odontologia (CRO), Roberto Cavali, confirma que o CRO apoiará qualquer decisão dos cirurgiões-dentistas. "Pretendemos manter a paralisação até conseguirmos conversar com o prefeito [Luciano Ducci]. O que a categoria decidir se para ou se continua a greve, o conselho irá dar seu apoio."
Propostas
As negociações entre os servidores odontológicos e a prefeitura ocorrem desde julho. Em setembro, a prefeitura propôs um aumento de 20% 10% em 2011 e 10% em 2012 , que foi rejeitado. A reclamação dos dentistas é que os médicos receberam um aumento de 100% nos seus salários. Segundo a prefeitura, esse valor era uma gratificação que a categoria já recebia e que foi incluída no vencimento para tentar reter os servidores em suas funções.