A aparência faz diferença na autoestima. Ainda mais para adolescentes carentes que sofrem com a falta de acompanhamento odontológico e sentem vergonha até mesmo de sorrir, por acharem que têm os dentes feios. Mas a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Turma do Bem, com sede em São Paulo e ramificações até mesmo no exterior, tem feito a diferença na vida desses jovens, que agora podem abrir um sorriso sem pensar duas vezes.
A Turma do Bem foi criada em 2002 e seu maior projeto é o Dentista do Bem. No Paraná, cerca de 50 cidades contam com 300 dentistas voluntários, que prestam vários tipos de atendimento aos jovens de extrações a ortodontia.
Em Curitiba, o projeto é coordenado pela doutora Selma Rocha Santos desde 2009. Ela é responsável por fazer a triagem em diversas escolas. "Eu vou até a escola e examino a boca de todos os alunos. Com as informações, faço uma ficha que é enviada para a sede. Lá eles determinam, em função de uma série de fatores, quais crianças vão ser atendidas", explica.
A seleção é feita de acordo com a saúde bucal e as condições sociais de jovens de 5.ª a 8.ª séries de escolas públicas. Os mais necessitados se tornam pacientes prioritários e vão para o começo da lista, enquanto os outros ficam à espera. Segundo Selma, a lista é longa e faltam voluntários. "Para conseguirmos atender a toda a fila de espera, precisaríamos de mais 50 dentistas", conta ela, que hoje tem a ajuda de 80 voluntários na capital.
Procura
A dentista conta que é difícil achar pessoas dispostas a trabalhar no projeto. "Achar gente que precisa é fácil; eu ligo para a diretora da escola e faço a triagem. Mas voluntários não aparecem", explica. "Um local de Colombo me procurou solicitando o atendimento. Peguei uma lista com diversos dentistas, contatei os profissionais, mas nenhum deles me retornou ou mostrou interesse em participar", exemplifica.
Após a seleção das crianças e dos adolescentes, é marcada uma reunião com os pais, que assinam um termo se comprometendo a levar os filhos nas datas das consultas. Os dentistas fazem os atendimentos em seus próprios consultórios e acompanham os pacientes até que eles completem 18 anos de idade indicando outros profissionais caso os jovens precisem de especialidades diferentes. "Algumas crianças não conseguem nem fechar a boca. Mas também vemos casos de necessidade de canal ou extração, o que mostra que faltam atendimentos para elas", diz Selma.
Voluntariado
Selma trabalha em um consultório com outras três profissionais, todas voluntárias do Dentista do Bem. Com especialidades diferentes, elas conseguem oferecer um atendimento mais completo. "Às vezes os pacientes chegam e nem conversam direito, de vergonha. Depois a autoestima muda e tudo melhora", conta a cirurgiã-dentista Camila Bertolli. No momento, Camila está à espera de novas crianças para atender, o que deve ocorrer no começo de 2012.
Para Selma, a transformação na autoestima nas crianças é a grande vitória. "É muito gratificante você ver que, conforme o tratamento é feito, a criança começa a sorrir. Elas não têm acesso a esse tipo de atendimento e nós podemos proporcionar", relata.
Serviço
Quem deseja participar do projeto Dentista do Bem, como beneficiário ou profissional voluntário, pode se inscrever no site da Turma do Bem. Interessados em realizar doações encontram na página os números das contas para depósito.