Camilla Bertolli, Selma Rocha e Maria Cecília Sanchez estão entre os 300 profissionais do Paraná que aderiram ao projeto| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Projetos

A Oscip Turma do Bem oferece também outros programas relacionados à saúde bucal:

Assistente do Bem

Neste projeto, as crianças beneficiárias do Dentista do Bem recebem um curso gratuito de formação de Auxiliar de Saúde Bucal. Com início em 2010, o projeto deve formar 280 alunos neste ano.

Liga do Dentista Limpo

Os dentistas do bem que decidem participar da Liga recebem um roteiro para padronizar ações de controle de infecções. Dessa forma, são evitados riscos à saúde dos pacientes, das equipes e dos próprios dentistas. O manual busca difundir informações corretas, precisas e atualizadas sobre procedimentos de higiene.

Dentista Verde

A conscientização ambiental também faz parte dos projetos da TdB. O manual do Dentista Verde procura diminuir o impacto ambiental da odontologia. Além disso, o dentista pode lembrar os pacientes da importância da separação do lixo, estimulando a coleta de tubos vazios de pasta e escovas de dentes, que serão transformados em uma escultura pelo artista plástico Vik Muniz.

Vez do Bem

O projeto é feito em parceria com a ONG Vez da Voz e tem como objetivo orientar os dentistas sobre formas adequadas de atendimento a pessoas com algum tipo de deficiência.

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Mais de 200 mil pacientes

Presente em 16 países da América e Europa, o projeto Dentista do Bem conta com mais de 11 mil dentistas, que fa­zem dela a maior rede de voluntariado do mundo. Fun­­dador da Oscip, o dentista Fábio Bibancos desenvolveu a ideia depois de uma série de palestras que ofertou nas redes privada e pública de educação por causa do lançamento de um livro. A obra, intitulada Um sorriso feliz para seu filho, aborda a prevenção de problemas odontológicos.

Após ouvir os problemas de mães de baixa renda, Bibancos reuniu 15 amigos, que começaram a atender gratuitamente em seus consultórios. A partir daí, surgia o embrião do que viria a ser a Turma do Bem. A partir de 2002, o aumento de dentistas fez com que a TdB fosse oficializada e certificada pelo Ministério da Justiça como Oscip.

Uma das coordenadoras do projeto é Mariana Fernandes, responsável por divulgar o trabalho tanto nas 700 cidades brasileiras que participam da iniciativa como no exterior. Segundo ela, apesar da grande quantidade de dentistas, ainda é difícil conseguir voluntários dispostos a ajudar as crianças durante o período necessário. "Mais de 200 mil crianças e adolescentes já passaram pela triagem e hoje atendemos 22 mil crianças", conta.

Na sede da TdB é feita a triagem das fichas que os coordenadores de cada cidade coletam nas escolas. A preferência é dada para crianças com problemas bucais graves, mais carentes e que estejam mais próximas do primeiro emprego.

As melhores práticas são premiadas durante o evento Sorriso do Bem. Durante o encontro são eleitos os melhores dentistas e os melhores coordenadores, entre outras categorias. O objetivo é destacar aqueles que mais contribuem para a disseminação do projeto. Entre eles está Selma, que foi eleita embaixadora pelo trabalho que desenvolve em Curitiba e região.

Documentário

O preconceito vivido por essas crianças, seja no mercado de trabalho ou na vida pessoal, também é retratado pela TdB em uma série de documentários. Eles contam a história de algumas cidades que receberam o trabalho e de crianças que tiveram suas vidas transformadas devido à participação no projeto.

A aparência faz diferença na autoestima. Ainda mais para adolescentes carentes que sofrem com a falta de acompanhamento odontológico e sentem vergonha até mesmo de sorrir, por acharem que têm os dentes feios. Mas a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Turma do Bem, com sede em São Paulo e ramificações até mesmo no exterior, tem feito a diferença na vida desses jovens, que agora podem abrir um sorriso sem pensar duas vezes.

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A Turma do Bem foi criada em 2002 e seu maior projeto é o Dentista do Bem. No Paraná, cerca de 50 cidades contam com 300 dentistas voluntários, que prestam vários tipos de atendimento aos jovens – de extrações a ortodontia.

Em Curitiba, o projeto é coordenado pela doutora Selma Rocha Santos desde 2009. Ela é responsável por fazer a triagem em diversas escolas. "Eu vou até a escola e examino a boca de todos os alunos. Com as informações, faço uma ficha que é enviada para a sede. Lá eles determinam, em função de uma série de fatores, quais crianças vão ser atendidas", explica.

A seleção é feita de acordo com a saúde bucal e as condições sociais de jovens de 5.ª a 8.ª séries de escolas públicas. Os mais necessitados se tornam pacientes prioritários e vão para o começo da lista, enquanto os outros ficam à espera. Segundo Selma, a lista é longa e faltam voluntários. "Para conseguirmos atender a toda a fila de espera, precisaríamos de mais 50 dentistas", conta ela, que hoje tem a ajuda de 80 voluntários na capital.

Procura

A dentista conta que é difícil achar pessoas dispostas a trabalhar no projeto. "Achar gente que precisa é fácil; eu ligo para a diretora da escola e faço a triagem. Mas voluntários não aparecem", explica. "Um local de Colombo me procurou solicitando o atendimento. Peguei uma lista com diversos dentistas, contatei os profissionais, mas nenhum deles me retornou ou mostrou interesse em participar", exemplifica.

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Após a seleção das crianças e dos adolescentes, é marcada uma reunião com os pais, que assinam um termo se comprometendo a levar os filhos nas datas das consultas. Os dentistas fazem os atendimentos em seus próprios consultórios e acompanham os pacientes até que eles completem 18 anos de idade – indicando outros profissionais caso os jovens precisem de especialidades diferentes. "Algumas crianças não conseguem nem fechar a boca. Mas também vemos casos de necessidade de canal ou extração, o que mostra que faltam atendimentos para elas", diz Selma.

Voluntariado

Selma trabalha em um consultório com outras três profissionais, todas voluntárias do Dentista do Bem. Com especialidades diferentes, elas conseguem oferecer um atendimento mais completo. "Às vezes os pacientes chegam e nem conversam direito, de vergonha. Depois a autoestima muda e tudo melhora", conta a cirurgiã-dentista Camila Bertolli. No momento, Camila está à espera de novas crianças para atender, o que deve ocorrer no começo de 2012.

Para Selma, a transformação na autoestima nas crianças é a grande vitória. "É muito gratificante você ver que, conforme o tratamento é feito, a criança começa a sorrir. Elas não têm acesso a esse tipo de atendimento e nós podemos proporcionar", relata.

Serviço

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Quem deseja participar do projeto Dentista do Bem, como beneficiário ou profissional voluntário, pode se inscrever no site da Turma do Bem. Interessados em realizar doações encontram na página os números das contas para depósito.