Depois de disputar a preferência das entidades representativas da comunidade universitária na consulta que serve de base para a eleição do reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o atual dirigente, Carlos Augusto Moreira Júnior, e o segundo colocado, Francisco de Assis Marques, se enfrentam novamente, agora diante do Conselho Universitário. Em reunião marcada para amanhã às 8h30, a entidade máxima da instituição vai analisar o pedido de abertura de sindicância que a Comissão Eleitoral ficou de remeter até hoje, para apurar um suposto uso da máquina administrativa da UFPR em favor da candidatura de Moreira Júnior.

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Derrotado na consulta por uma diferença mínima (obteve 41,95% dos votos, contra 46,66% do atual reitor) e tendo sido o preferido entre os estudantes, o professor Francisco de Assis Marques acusa Moreira Júnior de ter usado a estrutura da Reitoria na eleição. "Temos uma série de documentos que comprovam o abuso de poder", adiantou Marques.

Entre eles estaria uma carta com o timbre da UFPR, enviada por um médico aposentado aos colegas do Hospital de Clínicas, na qual ele pedia votos para o atual reitor. "E não é só isso, temos um verdadeiro dossiê com provas inquestionáveis do uso da máquina." O segundo colocado não forneceu maiores detalhes, segundo ele por respeito à "democracia interna"

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Já para Moreira Júnior, a celeuma não passa de "gritaria de perdedor." "É o que chamamos de ‘jus esperneandi’, o direito que os perdedores têm de espernear. São pessoas que participaram de gestões anteriores e agora se utilizam de meios espúrios para tentar voltar ao poder", resumiu. "Usam a carta de um professor aposentado que pedia votos para mim sem o nosso conhecimento, como se ex-reitores não tivessem feito cartas para apoiar a oposição. Tenho certeza de que o conselho não vai se apoiar numa coisa dessas para impugnar a eleição."

O candidato da oposição contra-ataca: "O problema não é expressar o apoio, tivemos mesmo o apoio de ex-reitores... o problema é expressar o apoio com o uso da máquina. Não há igualdade quando há abuso de poder, por isso, como cidadãos, não podemos nos calar diante desses abusos".

No meio do fogo cruzado, a Comissão Eleitoral preparava ontem o pedido de abertura de sindicância. Caso o Conselho Universitário acate a solicitação e seja comprovado o abuso de poder pelo uso da máquina, uma nova eleição pode ser marcada. "Nesse caso pode haver até a interferência do Ministério da Educação, suspendendo a posse, e o conselho pode pedir o afastamento do reitor, com base em um processo administrativo", explica o presidente da comissão, João Negrão.