Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Crime do Morro do Boi

Depoimentos reforçam presença de Juarez

O advogado Elias Mattar Assad, que defende a família de Osíris del Corso, apresentou ontem mais de três horas de gravações dos depoimentos de 14 testemunhas no processo do caso do Morro do Boi, em que o estudante foi morto e a namorada dele, Monik Pegorari, foi baleada e perdeu a sensibilidade da região abaixo do estômago. Os vídeos foram colhidos pela Justiça de Matinhos em uma audiên­cia no dia 16 de junho deste ano e fazem parte do processo para descobrir quem foi o autor do crime, ocorrido no último dia 31 de janeiro. Os depoimentos reforçam a tese de que Juarez Ferreira Pinto, preso como principal acusado, esteve no Morro do Boi, apesar de sete das testemunhas afirmarem à Justiça que viram Juarez em Santa Teresinha, balneário de Pontal do Paraná, no dia 31. A distância entre os dois locais é de 18 quilômetros.

O que reforça o entendimento de que Juarez esteve em Caiobá, balneário de Matinhos, e foi ao Morro do Boi é o depoimento de duas testemunhas: um segurança e um atendente de um quiosque. Os dois relatam ter visto Juarez nas imediações do Morro do Boi no dia 1.º de fevereiro, um domingo, quando Monik foi encontrada e resgatada. O segurança Tobias de Castro afirmou em juízo que faz rondas para uma empresa de segurança na região de Caiobá e, no momento em que ocorria o resgate de Monik, Juarez estava próximo ao local e conversou com ele. "Juarez perguntou o que estava acontecendo. Eu respondi que haviam encontrado dois corpos (no morro)", falou. Até então, o segurança não sabia que Monik estava viva. O atendente Miguel Martins Júnior, que trabalha em um quiosque na Avenida Atlântica, em Caiobá, contou que viu Juarez um dia depois do crime na região do Morro do Boi. "Eu achei ele parecido com o retrato falado."

Por outro lado, outras sete pessoas garantem que Juarez estava no balneário de Santa Teresinha no dia 31 e teria passado todo o sábado na empresa Chopp na Praia. Pelo menos três testemunhas mudaram a versão do primeiro depoimento dado na delegacia de Matinhos, quando disseram que Juarez não foi trabalhar no sábado, dia do crime. Eles alegaram ainda terem sidos constrangidos pela Polícia Civil no primeiro depoimento. "Naquele dia eu estava confuso", falou João Carlos dos Santos, um dos proprietários da empresa.

Das 7 testemunhas de defesa, 6 declararam ter visto Juarez sentado em um sofá velho dentro da empresa ao longo de todo o dia 31. "Eu vi ele sentado no sofá às 10 horas, perto das 16 horas e à noite, por volta das 19 horas", disse Ademir Giroleta, funcionário da choparia. O próprio Juarez nega ter estado no local do crime. "Nem conheço o morro. Nunca fui lá."

Os pais de Osíris, Maria Zélia e Sérgio Luiz del Corso, acompanharam pela primeira vez os depoimentos dados à Justiça e se emocionaram em vários trechos. "A gente prefere acreditar no trabalho do Ministério Público e da Justiça do Paraná e confia neles", observou Maria Zélia.

Juarez Ferreira Pinto segue preso como o principal suspeito do crime. Na última segunda-feira, ele teve o terceiro pedido de habeas corpus negado pela Justiça. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Celso Limongi negou a liminar. O mérito do pedido de liberdade ainda deve ser analisado pelo pleno do STJ. "Eu acredito que em até dois meses eles devem julgar o mérito", declarou o advogado de Juarez, Nilton Ribeiro.

Tortura

O depoimento do vigia Paulo Delci Unfried à Justiça também foi exibido por Assad. Ele havia confessado o crime e depois voltou atrás e declarou que só assumiu a culpa porque foi torturado por policiais militares. Nervoso durante todo o depoimento, Unfried explicou que foi detido e levado para um matagal, onde os policiais ameaçaram matá-lo. Depois disso, Unfried declara que foi levado para o quartel da Polícia Militar em Matinhos, onde apanhou e os policiais ameaça­ram matar seu filho de 8 anos. "Psicologicamente, a pressão foi grande em mim". O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público investiga o caso de tortura em Unfried.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.