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Além do prejuízo causado pela enchente, a família da dona de casa Ivone Zanin perdeu móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos pela ação dos ladrões | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Além do prejuízo causado pela enchente, a família da dona de casa Ivone Zanin perdeu móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos pela ação dos ladrões| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Diário da tragédia

Risco iminente

Como a previsão até quinta-feira é de chuva – de 30 a 60 mm na Grande Florianópolis, Vale do Itajaí e Litoral Norte, com risco de temporais e granizo –, muitos catarinenses estão preocupados com mais deslizamentos de terra e inundações. Se chover, moradores do Morro do Baú, por exemplo, terão que deixar suas casas. Ontem à noite já chovia em Gaspar.

Leptospirose

Vinte e uma pessoas contraíram leptospirose em Santa Catarina, entre 22 de novembro e 9 de dezembro. O total de casos confirmados foi anunciado ontem pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde. Outras 276 notificações de suspeita estão em análise e 76 já foram descartadas.

Perda 1

Cerca de 1,5 mil animais mortos durante as enchentes foram enterrados. Foram 1.350 bovinos, 200 ovinos e sete eqüinos. Para impedir a proliferação de doenças, os animais de grande porte são enterrados em valas com profundidade mínima de dois metros e cobertos com uma camada de cal e terra.

Perda 2

Com a morte dos animais, os produtores rurais estão buscando novas formas de financiamento para recuperar o prejuízo, já que os animais eram uma grande fonte de renda. Uma propriedade do Morro do Baú perdeu 40 mil frangos.

Bruna Maestri Walter

  • Lixo acumulado - A prefeitura de Itajaí não está dando conta de recolher o lixo descartado pela população por causa da chuva. Ruas do bairro São Vicente, um dos mais atingidos pelo desastre, estão cobertas de entulhos. São sofás, colchões, roupas e objetos que tiveram que ser jogados fora pela população por causa da lama. Moradores não vêem a hora de o entulho ser recolhido. A prefeitura diz que colocou 30 caminhões para a coleta e veículos de outros municípios estão ajudando. O entulho está sendo levado para terrenos comprados especialmente para esse fim, enquanto o aterro sanitário do município recebe apenas o lixo orgânico. A previsão é que a situação nas ruas se regularize em uma semana. O prazo é longo porque quase 80% da população foi atingida pela chuva (130 mil dos 180 mil habitantes). A prefeitura diz que não é possível mensurar a quantidade de entulho. (BMW)

Itajaí - A forte chuva que atingiu quase 80% da população de Itajaí, litoral de Santa Catarina, contribuiu para que os saques em residências e em estabelecimentos comerciais aumentassem consideravelmente. O número de furtos em imóveis residenciais nas duas semanas antes do desastre estava em 30. Mas foi só a chuva engrossar e moradores terem que deixar as casas alagadas que os registros passaram para 63. O comércio também sentiu o aumento da criminalidade: de 20 furtos para 33.

Os números fazem parte dos registros da Polícia Civil de Itajaí, que analisou a quantidade de ocorrências recebidas 17 dias antes do desastre e 17 dias depois. A análise mostra que os registros de furtos em residência aumentaram 110% e no comércio 65%. Nem creches e escolas ficaram imunes aos saques. Foram registrados cinco furtos em repartições públicas após o desastre.

A ousadia dos ladrões foi tamanha que eles chegaram a levar eletrodomésticos pesados. A dona de casa Ivone Zanin, que mora no bairro de São Vicente, perdeu máquina de lavar, forno elétrico, forno de microondas, computador, batedeira e liquidificador. A família de Ivone tinha ido a um retiro de casais na sexta-feira em Blumenau e só conseguiu voltar depois de três dias para Itajaí. Quando a água desceu da altura da barriga da dona de casa ao comprimento do joelho, na quarta-feira, ela percebeu o prejuízo. "Foi uma angústia. Estava tudo revirado", lembra.

Como a vizinhança também não estava em casa, Ivone não tem nenhuma pista para ajudar os policiais. A dona de casa conseguiu mobiliar novamente a casa graças à ajuda de parentes, pois, além do furto, teve que jogar muita coisa fora por causa da lama.

Já a vizinha Juliana Favaro preferiu ficar por perto para tomar conta da sua residência. Enquanto a família foi para casa de parente, a estudante ficou na casa da vizinha de dois andares espiando a rua. "Tem muita gente que veio aqui para roubar. Estavam até de canoa", lembra.

Pelo que observou e ouviu dos moradores, Juliana tem várias situações de furto para contar. Ela diz que na lanchonete da esquina ladrões roubaram comida e refrigerante. Na casa de outro vizinho, levaram um freezer cheio de peixe. Juliana também diz que viu ladrões se passaram por membros da família, dizendo que queriam salvar o cachorro. "E os moradores continuam com medo", afirma.

No meio de tantas ocorrências, o furto que se tornou nacionalmente conhecido foi o saque ao supermercado Maxxi. Câmeras de vídeo registraram o momento em que os ladrões entraram no supermercado e levaram principalmente bebidas alcoólicas. Segundo o delegado Antônio Carlos Gomes, da 1ª Delegacia de Itajaí, foram autuadas 31 pessoas pelo furto, sendo 24 em flagrante. A maioria responderá o processo em liberdade provisória e apenas três continuam detidas por terem mandado de prisão em aberto e antecedentes criminais graves. Todas estão sujeitos a pena de dois a oito anos de prisão e multa.

O delegado Gomes observa que os roubos (crimes cometidos com violência) diminuíram bastante na cidade porque o comércio fechou e menos dinheiro ficou circulando. Já os furtos (quando não há violência) cresceram. "Vem muito boletim de ocorrência de furto em residência, do pessoal que volta para casa e vê que foi furtado", afirma. O delegado diz que a investigação é difícil porque não se conseguiu patrulhar todos os bairros nem colher informações com vizinhos.

Os atendimentos feitos pela Polícia Civil passaram de 157 para 190. Pelo menos 172 pessoas procuraram as delegacias de Itajaí para o registro de danos causados pela chuva, a maioria visando à cobertura do seguro.

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