O trânsito de Curitiba pode passar por novas mudanças e ganhar uma área exclusiva para motos. A ideia é do vereador Cacá Pereira (PSDC), que apresentou um projeto de lei na Câmara Municipal para a criação de uma espécie de “bolsão” entre a faixa de pedestres e a parada dos carros. A ideia é que os motociclistas esperem, neste espaço, o sinal abrir.
Não se trata, portanto, de um corredor dedicado aos veículos de duas rodas, mas uma faixa de espera, sinalizada, medindo entre 2,5 m e 3 m que colocaria as motocicletas à frente dos automóveis quando parados em um semáforo. Segundo o vereador, o objetivo é aumentar a segurança no trânsito ao mesmo tempo que contribui para sua fluidez.
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Por serem mais leves, defende Pereira, as motos arrancam com mais facilidade, diminuindo a disputa por espaço nas ruas da cidade. Além disso, com a medida, os motociclistas não precisariam “costurar” os carros, o que também reduziria os riscos de acidentes. “O motociclista está sempre no ponto cego do motorista. Então a ideia é colocá-lo à frente dos automóveis”, diz.
A proposta se espelha no que outras cidades, como Barcelona e Madri, já fizeram. No Brasil, São Paulo e São Vicente também adotaram uma estratégia semelhante. “Temos que nos inspirar nos bons exemplos”, defende o vereador. No caso das cidades espanholas, as autoridades locais apontam uma redução de 90% no risco de acidentes após a implantação das faixas de espera.
Estudos necessários
Para que esses “bolsões” saiam do papel e se tornem realidade, não basta apenas um parecer favorável dos vereadores de Curitiba. De acordo com o superintendente da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), João Francisco dos Santos Neto, são necessários também alguns estudos para avaliar a viabilidade do projeto.
Um desses levantamentos diz respeito ao número de motocicletas existentes na capital. De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Curitiba tem a nona maior frota do país, com um total de 159.345 motos. “Engenheiros e técnicos do Ippuc precisariam avaliar os ganhos e os prejuízos de uma medida assim”, explica Santos Neto.
Uma das preocupações levantadas pelo superintendente é que a criação dessa caixa de contenção diminuiria o espaço para os carros nas vias, complicando ainda mais o trânsito. No entanto, Cacá Pereira rebate dizendo que essa perda vai se reverter em mais agilidade. “Essas motos já estão nas ruas. O que a proposta faz é colocá-las à frente dos carros. E como elas arrancam mais rápido, o trânsito acaba fluindo mais”, contrapõe o vereador.
A proposta de Pereira é colocar essas faixas em todas as vias de maior movimento da cidade, sobretudo na região central, onde o tráfego de motos é bem maior.Vale lembrar que muitos dos cruzamentos nessas áreas já contam com uma caixa desse tipo para ciclistas. Assim, a ideia seria, portanto, colocar motos e bicicletas lado a lado.
“Os ciclistas costumam andar à direita da pista, enquanto quem anda de motocicleta já faz isso pela esquerda”, assinala o autor do projeto. “Não teria problema colocar bicicletas e motos juntas. Elas podem coexistir à frente dos motoristas. E sempre com o maior cuidando do menor”.
Para o superintendente do Setran, esse compartilhamento pode ser perigoso, embora ainda dependa de uma avaliação técnica mais aprofundada.
Olhar técnico
Para o especialista em planejamento urbano da PUCPR, Carlos Hardt, a proposta da faixa de espera pode realmente ser uma solução interessante para o trânsito de Curitiba. Ainda assim, ele defende a necessidade de estudos mais aprofundados — incluindo pontos onde os bolsões devem ser colocados. “A faixa deve ser colocada somente em alguns corredores, naquelas vias que você realmente percebe um fluxo alto de motociclistas”, afirma.
Segundo Hardt, o projeto é viável e pode trazer resultados positivos tanto para a organização do tráfego quanto para a redução dos índices de acidentes. Porém, para que isso aconteça, o especialista acredita que é preciso também uma forte campanha de educação de motoristas, pilotos e pedestres sobre o papel de cada um no trânsito.
Além disso, assim como o superintendente do Setran, ele também acredita que a proposta em si não é o suficiente sem estudos técnicos mais aprofundados. “Tudo precisa ser previamente estudado, porque a criação das faixas pode influenciar no tempo dos semáforos”, pontua Hardt. “É algo que tem de ser analisado e detalhado em cada esquina. Não pode ser apenas jogado. Tem que ter muito cuidado”, define.
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