Dados norte-americanos apontam que 7% dos adolescentes sofrem de algum problema depressivo. E de acordo com o médico Élio Luiz Mauer, chefe do departamento de Psiquiatria da Universidade Federal do Paraná, a estatística pode ser transportada para o Brasil. O tema "Transtornos do Humor na Adolescência" será tratado pelo médico no 2.º Congresso Internacional de Especialidades Pediátricas Criança 2005. O evento, promovido pelo Hospital Pequeno Príncipe, começa hoje e termina terça-feira, no Estação Embratel Convention Center e no Instituto de Ensino Superior Pequeno Príncipe.
De acordo com Ety Carneiro, diretora de Relações Institucionais do Pequeno Príncipe, o objetivo das palestras da área médica é oferecer aos participantes o aprimoramento científico para melhoria do atendimento em saúde a crianças e adolescentes, valorizando a humanização do atendimento. "Queremos transformar o conhecimento existente em ação", afirma.
Mauer deve explicar como diagnosticar o estresse e a depressão na fase da adolescência. "A intenção é despertar nos pediatras e outros profissionais da saúde a necessidade de diagnosticar a doença precocemente", explica o médico. De acordo ele, a preocupação com transtornos de humor na fase da adolescência é grande porque acontece justamente quando a pessoa ainda está se desenvolvendo psicologicamente e os efeitos da doença podem trazer conseqüências para a vida toda. "A doença impede tomadas de decisões e pode atrapalhar a escolha profissional, por exemplo. Ela ainda pode comprometer as relações interpessoais", explica.
O painel também vai apresentar os tratamentos para as depressões. De acordo com Mauer, o tratamento é feito com medicamento e terapia. Em alguns casos existe inclusive a indicação de tratamento para a família. "É importante observar se não existe histórico de depressão na família, porque esse pode ser um fator determinante", diz.
Além dos médicos que atendem o adolescente, os pais também podem ajudar a identificar os sintomas da doença. Entre eles, está a mudança brusca de comportamento e humor. Dificuldades na escola e isolamento social também podem significar problemas psicológicos. Uma característica típica do adolescente com depressão é encobrir a tristeza com irritabilidade. O psiquiatra alerta ainda que o envolvimento com drogas pode ser conseqüência da doença. "Muitas vezes, as pessoas tendem a considerar que a droga pode causar depressão e na verdade é o inverso", explica. Para Mauer, o importante é disseminar que a doença precisa ser tratada. "O que é perdido com a depressão e o estresse é a qualidade de vida", finaliza.
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