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“Recusa em realizar aborto por questões morais ou religiosas seria enquandrada como crime de omissão”, justifica deputada Sâmia Bomfim.
“Recusa em realizar aborto por questões morais ou religiosas seria enquandrada como crime de omissão”, justifica deputada Sâmia Bomfim.| Foto: Renato Araujo/Câmara dos Deputados

Após lançar campanha contrária ao PL Antiaborto, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) apresentou dois projetos de lei na Câmara para criminalizar médicos e profissionais de saúde que recusarem a realização do aborto - em casos de estupro. A deputada quer condenar, até mesmo, a recusa por “objeção de consciência”.

O aborto é crime no Brasil, não punido em casos de estupro e risco de vida para a mulher (artigo 128 do Código Penal) ou quando o bebê sofre de anencefalia, por decisão de 2012 do Supremo Tribunal Federal.

O PL do Antiaborto - que teve a urgência aprovada pela Câmara, mas a discussão foi adiada para o segundo semestre - aplicava uma punição em qualquer caso quando o aborto for realizado após a 22ª semana. Com o feto obtendo condições de sobrevivência fora do útero, o crime passaria a ser equiparado ao homicídio.

As propostas pró-aborto da deputada feminista foram protocoladas nesta semana. Um dos projetos, o PL 2522/24, prevê que a recusa em realizar aborto por "questões morais ou religiosas" será enquadrada como crime de omissão de socorro, ou seja, com pena de seis meses de detenção a multa, se não houver outro profissional para realizar o procedimento. A deputada também incluiu que, caso a paciente venha a óbito, o médico poderá responder por homicídio culposo, com prisão de um a três anos.

"Além de ser impeditiva do acesso ao aborto autorizado, a invocação da objeção de consciência se estabelece como um risco às mulheres, pessoas que gestam, e, especialmente, às meninas que têm suas vidas e infâncias ceifadas com o impedimento do acesso ao aborto autorizado", justificar a autora do projeto.

A segunda proposta, o PL 2520/24, da deputada prevê que, caso o médico invoque o direito à objeção de consciência, sem outro profissional disponível para realizar o aborto, cometerá uma infração ética, podendo perder o cargo público por improbidade administrativa. Na proposta, Sâmia explica que a medida visa buscar um "equilíbrio onde a liberdade religiosa é respeitada, mas não a ponto de anular o direito ao aborto garantido por lei e pelo Supremo Tribunal Federal".

Em uma coletiva de imprensa, na quarta-feira (19), a bancada pró-vida no Congresso saiu em defesa do PL Antiaborto e rebateu críticas da esquerda ao projeto. Os parlamentares reforçaram que a medida não altera em nada as excludentes para o aborto em caso de estupro, risco da mãe e anencefalia, apenas evita que seja cometido após 22 semanas de gestação. "Se uma mãe esperou 22 semanas, por que não denunciou antes? Estão protegendo o estuprador? Não existe aborto, se não punir o estuprador”, diz um deputado.

O autor do projeto, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse que o que está em discussão é a proteção de um bebê de 22 semanas. Ele defendeu o “amadurecimento” da proposta e concordou com o adiamento sugerido por Lira e outros líderes. “O projeto pode ser amadurecido, contribuições e ajustes no texto. Nós estamos dispostos a colocar mais pena para o estuprador e vamos ainda aprimorar, mas não abriremos mão do cerne do projeto que é defender a vida do pequeno bebê”, disse.

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