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O prêmio Carlota Pereira de Queirós, da Comissão da Mulher, costumeiramente é destinado a mulheres que promovem pautas femininas. Nessa última edição, três premiadas são publicamente abortistas, mas o que chamou atenção é que duas delas foram indicadas por parlamentares conservadoras. Cida Gonçalves, a ministra das Mulheres do governo Lula, foi indicada pela deputada Lêda Borges (PSDB-GO), já Rosa Weber recebeu a indicação de Soraya Santos (PL-RJ).
A ex-ministra do STF Rosa Weber pautou a ADPF 442, ação que pretende descriminalizar o aborto até a 12ª semana, e protocolou seu voto e relatório favoráveis à prática antes da sua aposentadoria. Weber não compareceu à cerimônia e a deputada Soraya Santos, responsável pela indicação dela, também não.
Lêda Borges, que também é presidente da Comissão da Mulher e presidiu a sessão solene, teceu elogios a Cida Gonçalves, a ministra da Mulheres que logo nos primeiros meses de governo disse que “para nós, o aborto é uma questão de saúde pública”. “É muito importante para nós ter uma ministra assim, que sabe o que está fazendo, sentada lá no ministério das Mulheres. Sabe exatamente pela experiência de 40 anos”, ressaltou Borges.
Além de Cida Gonçalves e Rosa Weber, outra defensora pública do aborto agraciada foi Leila de Andrade Linhares Basterd. Leila Basterd tem diversos textos favoráveis a prática, como a “Legalização e a descriminalização do aborto no Brasil”.
Flávia Gonzaga e Maria Luiza Fontenele completaram o quadro de homenageadas. No discurso enfático e poético, Fontenele declarou que “essa sociedade é a sociedade do macho, branco, ocidental. O valor é o homem e agora esse sistema entra em colapso. O patriarcado entrou em crise e tem que ser superado. Chegou a hora de nós mulheres comandarmos e construirmos uma nova história.”