A Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa pretende investigar a suspeita de que uma "máfia dos remédios" atua no Paraná. Ontem, deputados que participam da comissão e funcionários da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) mencionaram pela primeira vez grupos de pessoas que poderiam fazer parte da suposta máfia. "Vamos investigar esses fatos", afirmou o presidente da comissão, deputado estadual Ney Leprevost (PP).
O governo do Paraná mudou a sistemática de compra de remédios nos últimos meses, centralizando as decisões do assunto no governador Roberto Requião. Uma das suposições é de que advogados e laboratórios estariam se unindo para tentar fazer com que o estado gaste mais na compra de medicamentos caros.
Leprevost foi o primeiro a mencionar o nome de uma advogada que poderia estar trabalhando para forçar a compra de um remédio no Paraná. A menção foi feita durante uma audiência pública em que o secretário estadual da Saúde, Cláudio Xavier, foi convidado pelos deputados a esclarecer o tema. Segundo informações levadas por Leprevost, uma mesma advogada teria conseguido diversas liminares para a compra do medicamento Etanercepte, para artrite.
"Essa senhora conseguiu liminares em União da Vitória, Pato Branco, Maringá, em Curitiba, na região metropolitana, entre outras cidades", afirmou o deputado. "Ou se trata de uma boa samaritana que está atendendo os doentes ou pode ser um indício de que existe mesmo uma máfia, conforme suspeita o governador Roberto Requião", disse. A reportagem tentou encontrar ontem a advogada em sua casa, no escritório e pelo telefone celular, mas não obteve sucesso.
A diretora da Central de Medicamentos do Paraná, Deise Pontarolli, presente à sessão, afirmou que esse é um dos casos encaminhados para investigação. Ela também citou outro caso da região de Maringá, mas não mencionou o nome de nenhum dos envolvidos. O secretário Xavier reforçou a tese que vem defendendo. "Meu papel não é de polícia. O que nós apuramos, enviamos para a Procuradoria-Geral do Estado", disse.
A sessão também discutiu o desabastecimento de remédios na Farmácia Especial, a falta de leitos públicos de UTI e os gastos do estado na área de saúde, que não chegam aos 12% exigidos pela Constituição se for descontado o investimento em saneamento público.