Brasília O deputado federal Ronaldo Cunha Lima (PSDB-PB) renunciou ao mandato ontem. A renúncia foi formalizada no plenário da Câmara. Lima seria julgado na próxima semana, no Supremo Tribunal Federal (STF), por tentativa de homicídio.
Na condição de governador do estado, o deputado do PSDB da Paraíba atirou três vezes em Tarcísio Burity, em 5 de novembro de 1993, num restaurante de João Pessoa, alegando legítima defesa da honra do filho, o atual governador Cássio Cunha Lima (PSDB), que seria vítima de ataques verbais do adversário.
O caso está em julgamento no STF porque Lima, como deputado, tem direito ao foro privilegiado. Com a renúncia ao mandato, o deputado do PSDB da Paraíba ganhará tempo porque o processo agora será transferido para a Justiça comum, na capital paraibana.
Na carta de renúncia, porém, Lima alega que desistiu do mandato por outro motivo: ser julgado como cidadão comum e, supostamente, não querer tirar proveito do direito ao foro. "Quero ser julgado sem prerrogativa de foro, como um igual que sempre fui", afirmou.
A professora Glauce Burity, viúva de Tarcísio Burity, reagiu com indignação à notícia da renúncia do deputado Ronaldo Cunha Lima. Glauce disse que a atitude de ele renunciar para não ser julgado pelo STF "é uma covardia". "Foi com muita indignação que nós todos, eu e meus filhos, soubemos da renúncia. Chegamos à conclusão que foi uma atitude covarde. Ele praticou o ato e deveria assumir", disse.
Ela acrescentou que confia na Justiça e que acredita que Ronaldo Cunha Lima será condenado pela tentativa de homicídio. Conforme Glauce, a decisão do deputado do PSDB é uma manobra para ganhar tempo "porque ele tem medo da condenação". Segundo a professora, Ronaldo Cunha Lima apega-se ao fato de Burity tê-lo perdoado.
"Tarcísio o perdoou num momento de debilidade física. Ele estava doente. Mas perdão não significa aproximação. Tarcísio o perdoou para se livrar da insistência dele e da família pelo perdão", assegurou.
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