O deputado estadual Waldyr Pugliesi (PMDB) disse ontem que solicitou a exoneração de Elieuton Francis Mayer, funcionário do gabinete do parlamentar preso por suspeita de liderar uma rede de contrabando de cigarros. O político relatou que a exoneração ainda não ocorreu oficialmente, mas que foi solicitada para que tenha data de quinta-feira.
O empregado do gabinete de Pugliesi foi preso pela Polícia Federal (PF) na Operação Fractal. A investigação aponta que Mayer seria o líder de uma suposta rede contrabandista de cigarros envolvendo policiais e outros funcionários da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
Entre as pessoas presas no Paraná estão o capitão Alexandre Dupas Pereira, que teve amplo trânsito na Casa Militar do ex-governador Roberto Requião; e o major Valmor Caetano Dellê. Outros seis policiais militares e um investigador da Polícia Civil também foram detidos.
Segundo a PF, o assessor parlamentar Elieuton Francis Mayer coordenava uma série de ações de tráfico de influência com o objetivo de transferir policiais militares para postos na fronteira com o Paraguai, onde os agentes facilitavam o contrabando de cigarros, principal fonte de renda da quadrilha. Os policiais também extorquiam contrabandistas de grupos concorrentes. Umuarama e Curitiba seriam duas das cidades em que o núcleo central da quadrilha agia.
De acordo com o coordenador da investigação, delegado José Iegas, Mayer era o principal articulador da quadrilha. Segundo o delegado, durante as investigações vários deputados foram mencionados, mas não há indício de que eles tenham participado das atividades criminosas. Por isso, os parlamentares não são alvo da investigação, que continua. A apuração corre sob segredo de Justiça.
A Polícia Federal informou que não foram realizadas novos mandados de busca e prisões ontem. Com isso, o número de presos pela operação permanece em 22. Desses, oito são policial militares, um é policial civil e um é assessor parlamentar. O restante são membros da quadrilha que não têm ligações com cargos públicos.
Além das prisões, a PF cumpriu quinta-feira vários mandados de condução coercitiva, uma forma de obrigar o investigado a prestar esclarecimentos. O coronel Carlos Alexandre Scheremeta, ex-corregedor da Polícia Militar do Paraná, foi um dos conduzidos até a sede da PF em Curitiba.
A reportagem entrou em contato com o gabinete do deputado Pugliesi e com o diretório do PMDB em Curitiba, mas nenhum dos dois locais soube informar se Meyer já teria um advogado para defendê-lo das acusações.