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Deputados apresentam recurso para impedir que Marco Regulatório da Cannabis vá direto ao Senado

Deputados apresentam recurso para impedir que Marco Regulatório da Cannabis vá direto ao Senado
Parlamentares querem levar projeto de lei que flexibiliza uso da Cannabis à apreciação de todos os deputados da casa (Foto: Freepik)

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Nesta terça-feira (22), o deputado federal Diego Garcia (Podemos-PR) apresentou à Presidência da Câmara dos Deputados um recurso assinado por 129 deputados pedindo que o Projeto de Lei (PL) 399/2015, que institui o Marco Regulatório da Cannabis no Brasil, seja votada pelo plenário da casa legislativa.

No dia 8 de junho, uma comissão especial da Câmara formada por 34 parlamentares aprovou a proposta, cujo texto substitutivo autoriza atividades como cultivo, processamento, armazenagem, transporte, industrialização, manipulação e comercialização, de produtos à base da Cannabis no país.

A apreciação do texto pela comissão especial ocorreu em caráter terminativo, isto é, a decisão seria definitiva na Câmara, e a aprovação significaria o envio do texto diretamente ao Senado sem passar pelo crivo dos 513 deputados em plenário. Para reverter o cenário e levar a proposta à apreciação de todos os parlamentares da casa, o regimento da Câmara autoriza o encaminhamento de recurso com a assinatura de, no mínimo, 52 parlamentares - o equivalente a 10% do número total de deputados mais 1.

Agora, a partir do envio do documento com o número suficiente de assinaturas, o recurso será submetido à avaliação de todos os deputados e, caso aprovado, o projeto de lei será levado ao plenário. Se o recurso for rejeitado, o PL irá direto ao Senado.

Deputado diz que complexidade do tema impede votação conclusiva em comissão

Diego Garcia defende que, devido a graves consequências da aprovação da proposta, o texto não pode avançar sem ser avaliado por todos os parlamentares da casa. “O texto foi totalmente modificado, indo muito além do uso medicinal da Cannabis. Se a proposta estivesse tratando apenas de medicamentos, isso já teria passado há muito tempo. Nós não somos contra medicamentos, mas sim contra o substitutivo que foi apresentado pelo relator na comissão especial. Não podemos deixar que avance desta forma”, afirma.

Entenda

Uma das plantas da família Cannabis é a Cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha, que está ligada a uma série de danos à saúde. No entanto, o canabidiol, uma das substâncias da planta, possui propriedades medicinais, e é utilizado no tratamento de crises convulsivas, sobretudo para crianças e adolescentes.

O texto original do PL 399, apresentado em 2015 pelo deputado federal Fábio Mitidieri (PSD-SE), continha apenas três artigos, que previam unicamente a viabilização do comércio de medicamentos derivados da maconha em sua formulação. Já o novo texto contém 33 itens que versam sobre diversos aspectos relacionados ao uso da planta, além de um anexo com 60 artigos que tratam das regras para o cultivo, manejo e processamento da Cannabis.

Fontes ouvidas pela Gazeta do Povo apontam que o Marco Regulatório da Cannabis traz riscos, tanto em termos de saúde quanto de segurança pública. Os principais pontos citados são as dificuldades para a fiscalização adequada dos locais de plantio da Cannabis, o que poderia alimentar o comércio de maconha no país, que é ilegal; a ampla flexibilidade na prescrição médica de produtos à base de Cannabis; e uma possível redução da percepção do risco que a maconha representa.

Algumas emendas apresentadas ao texto substitutivo por deputados favoráveis ao marco regulatório previam flexibilizar ainda mais o uso da Cannabis no Brasil, permitindo, por exemplo, o cultivo doméstico por pessoas físicas; a criação de uma Lei de financiamento para plantio; e a dispensação da Cannabis in natura para fumo ou vaporização. As propostas, no entanto, foram rejeitadas na comissão especial.

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