A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul vai propor um projeto de lei que acaba com a figura do "atravessador" na cadeia do leite. Para o superintendente do Ministério da Agricultura no estado, Francisco Signor, eliminar o intermediário que leva o leite do produtor até a indústria é um "tiro no pé" que pode inviabilizar a cadeia produtiva. Ele diz que os transportadores devem ser cadastrados e fiscalizados, e não impedidos de trabalhar.
A proposta é fruto da operação do Ministério Público gaúcho, em parceria com o Ministério da Agricultura, que prendeu na quarta-feira oito pessoas ligadas a empresas transportadores que adulteravam o leite na intermediação entre os pequenos produtores e as indústrias beneficiadoras. Duas pessoas já foram liberadas. O empresário Paulo César Chiesa, o nono suspeito, se apresentou à polícia ontem. Ao leite eram adicionadas água não tratada e ureia, substância que possui formol, a fim de mascarar a fraude. Além de alguns lotes das marcas Líder, Mumu, Italac e Latvida estarem comprometidos, ontem a circulação das marcas Hollmann, Goolac e Só Milk também foi suspensa.
O secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, defendeu o fim da figura do intermediário como forma de combater a fraude no leite. "Isso fará com que as empresas se obriguem a buscar o leite na propriedade, com transporte próprio ou terceirizado, o que pode evitar que intermediários façam volume e ganhem dinheiro."
Para o superintendente do Ministério da Agricultura, porém, a medida poderia inviabilizar a cadeia produtiva do leite, que conta com 130 mil produtores, além de transportadores autônomos. "É um tiro no pé. O intermediário é imprescindível para o leite chegar na indústria", justificou.
