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Proposta seria inconstitucional

A presidente da Associação Paranaense do Ministério Público, Maria Tereza Uille Gomes, afirmou que o projeto que está sendo elaborado na Assembléia é inconstitucional porque tem vício de origem, ou seja, não poderia ser proposto pelo Legislativo e representa uma ingerência indevida em outro poder. Só o procurador-geral, depois de ouvir o colégio de procuradores, poderia propor alteração da legislação.

A procuradora preferiu não interpretar o movimento de alguns deputados como um reforço aos ataques de Roberto Requião ao MP. Mas disse que espera que a Assembléia exerça um papel independente em relação ao governador e que os paranaenses querem "respeito, paz e harmonia" entre os poderes.

O MP, segundo ela, está cumprindo seu papel ao exigir a demissão de parentes de cargos públicos. "As ações que várias comarcas vêm ajuizando contra administradores municipais e casas legislativas para combater o nepotismo, e agora contra o governo do Paraná, não visam atacar pessoalmente os administradores, e sim, defender os princípios que regem a administração pública."

Sobre os salários do MP, criticados pelo governador, Maria Tereza afirmou que são fixados por lei e são proporcionais à relevância das atribuições do Ministério Público, como o combate a rede de corrupção, crime organizado, controle dos gastos públicos e sonegação fiscal.

Requião x MP

O governador Roberto Requião voltou a criticar o Ministério Público do Paraná nesta terça-feira (21) e desafiou o órgão a colocar na internet todos os salários dos funcionários do MP. Ele chegou a dar um prazo de 15 dias para o MP colocar toda a sua estrutura exposta na internet.

A solicitação veio após o anunciou de que todos os cargos comissionados dentro do governo estadual poderão ser consultados pela internet. A medida teria o objetivo de acabar com os "funcionários fantasmas" dentro do governo estadual.

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Um grupo de deputados estaduais do Paraná está iniciando um movimento para reduzir os poderes do Ministério Público do Paraná (MP) e cortar o orçamento anual da instituição. Um projeto de lei complementar que começa a ser elaborado impede promotores de abrir investigação ou inquérito civil contra os próprios parlamentares. Pelo projeto, só o procurador-geral de Justiça teria autonomia para investigar deputados, vice-governador, secretários, membros do Judiciário, promotores, conselheiro do Tribunal de Contas, advogado-geral do Estado e defensor público geral. Atualmente, o governador só pode ser processado pelo procurador-geral.

A iniciativa é uma cópia de uma emenda mineira, aprovada neste mês pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais. O polêmico projeto foi vetado pelo governador Aécio Neves (PSDB), mas os próprios deputados derrubaram o veto e a lei começou a vigorar.

A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) está tentando derrubar a lei através de uma ação direta de insconstitucionalidade.Mesmo assim, os deputados paranaenses apostam que a nova legislação é perfeitamente legal com base numa lei complementar de São Paulo, promulgada em 26 de novembro de 1993, que concede aos parlamentares paulistas o tratamento diferenciado. Ou seja, só podem ser alvo de inquérito se a iniciativa partir do procurador-geral de Justiça.

O texto da emenda mineira, da lei de São Paulo e os argumentos para a aprovação de uma lei idêntica no Paraná já estão sendo distribuídos aos gabinetes das principais lideranças da Assembléia Legislativa. A justificativa do grupo que articula a mudança na lei paranaense é que muitos promotores estariam extrapolando suas funções, perseguindo políticos ou comandando investigações contra administradores públicos movidos por interesses pessoais.

Como o tema é polêmico e na prática significa acabar com a autonomia dos promotores e ampliar o foro privilegiado dos próprios parlamentares, está sendo tratado em segredo. Nenhum deputado, por enquanto, quer assumir a autoria ou defender publicamente a proposta. Antes de apresentar o projeto, o movimento está costurando apoio para garantir maioria para a aprovação no plenário.

Se a lei entrar em vigor, apenas o procurador-geral, Mílton Riquelme de Macedo, terá poderes para instaurar qualquer procedimento de investigação ou promover inquérito civil. Riquelme foi indicado pelo governador Roberto Requião para o cargo a partir de uma lista tríplice, em que foi o segundo mais votado.

Outra medida contra o Ministério Público que está sendo discutida pelos deputados é a redução do orçamento para 2008. Na proposta de lei orçamentária, aprovada em julho, os deputados aprovaram um índice de 4% da receita total para a instituição, 2% a mais do que o projeto original elaborado pelo governador. O mesmo grupo que defende a diminuição dos poderes do MP pretende cortar o orçamento pela metade.

A mobilização na Assembléia Legislativa, onde o governo tem maioria, acompanha a ofensiva de Requião contra o MP e soa como retaliação. Na semana passada, o governador disse considerar "absolutamente ridícula", a ação movida pelo Ministério Público exigindo a demissão de seus parentes dos cargos comissionados no governo e fez duras críticas aos salários dos promotores, classificando de "extrapolação salarial gritante".

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