A Vara de Inquéritos Policiais derrubou ontem o sigilo judicial no inquérito que apura supostas mortes de pacientes internados na UTI do Hospital Evangélico de Curitiba. A solicitação foi feita pela delegada Paula Brisola, do Núcleo de Repressão a Crimes contra a Saúde (Nucrisa), na última sexta-feira, juntamente com os pedidos de prisão de mais quatro profissionais do Evangélico. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, a delegada convocou familiares de vítimas que constam no inquérito para informá-las oficialmente da investigação. Tão logo faça as comunicações, Paula deve conceder uma entrevista coletiva à imprensa.
Queixa
O diretor do Evangélico, Luiz Felipe Mendes, classifica de exagerada a ação que culminou na prisão da médica Virgínia Helena Soares de Souza, detida desde a última terça-feira. "Ficamos assustados com o tamanho da operação e não entendemos todo esse alarde feito pela equipe policial".
Gláucio Antônio Pereira, um dos advogados do hospital, se queixou da divulgação de informações que estariam sob segredo de Justiça. "Já tomamos providências contra a delegada do Nucrisa [Paula Brisola] e pedimos que a Secretaria de Estado da Segurança faça uma apuração interna para identificar como essas informações estão vazando."
Segundo Mendes, a diretoria do hospital não sabia das investigações, que estariam sendo realizadas dentro da UTI há cerca de um ano, e nem sequer tinha informações sobre um possível funcionário infiltrado entre a equipe para ajudar na coleta de evidências. "O hospital foi tomado de assalto e ficamos sabendo de toda a investigação pela imprensa."
Mendes garante que o apelo financeiro vinculado às denúncias a médica Virgínia teria autorizado a morte de pacientes atendidos na UTI pelo SUS para permitir a entrada de pessoas atendidas por convênio particular , não passa de especulação. "São totalmente descabidas essas acusações. 92% das nossas internações são feitas pelo SUS e nossa taxa de mortalidade está sempre em 7% na UTI, quando o Ministério da Saúde preconiza entre 4% e 10%."
Ao contrário do informado pela polícia, Mendes garantiu que Virgínia tem especialização em Terapia Intensiva, o que a credenciava a trabalhar na UTI do Evangélico.
Enfermeira se apresenta em silêncio
Uma enfermeira que teve a prisão provisória decretada por suspeita de envolvimento em supostos homicídios ocorridos na UTI Geral do Hospital Evangélico se apresentou ontem ao Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), que investiga o caso. A profissional (foto), que não teve o nome divulgado, chegou à delegacia às 14h45 acompanhada do advogado. Após depor por cerca de duas horas e meia, ela foi levada a um centro de detenção. Outras quatro pessoas estão presas.
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