O ambulante Anísio Gonçalves, 49 anos, é um cidadão típico do Paraná Centro. "Nasci e me criei na roça", diz, numa esquina de Pitanga, enquanto degusta amendoim com casca, procura sombra e aguarda clientes minguados. Plantava milho, arroz e feijão, mas à semelhança de mais 5 mil moradores da região, não tinha documentos da terra e se mandou para a cidade. Mora em casa própria, mas o terreno é da prefeitura. "Até hoje não recebi o Bolsa-família", reclama Gonçalves, cujo rendimento muito raramente chega a dois salários. Um dos quatro filhos segue destino comum aos jovens que ficaram órfãos do campo e não mudaram para cidades maiores: colhe maçãs em Santa Catarina.

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A população urbana nos 18 municípios é de 74.533 pessoas (36,72%) – 15 mil a menos do que o bairro do Cajuru, em Curitiba, com 89 mil habitantes. É consenso que parte desses migrados permanece ligado ao campo, afetiva ou efetivamente, no caso dos que têm casa na cidade.

Para o prefeito de Pitanga – única cidade da região a ter uma população urbana emparelhada com a rural –, Alexandre Carlos Buchmann, o desafio é manter o cidadão no campo. "Na cidade, essas pessoas não têm como competir", diz. Em Nova Tebas, mais de mil famílias são subsidiadas pelo Fome Zero. Em Pitanga, 5,4 mil participam do Bolsa-Família. O mesmo programa assiste a 1,2 mil pessoas em Cândido de Abreu. (JCF)

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