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26% das cidades têm lixões

Pedro de Castro

Um em cada quatro municípios paranaenses ainda utiliza lixões como destinação final para os resíduos sólidos urbanos, segundo dados do Ipardes. A maioria desses municípios são pequenos, com menos de 20 mil habitantes, e estão concentrados no Centro, Centro-Sul e Nordeste do estado. No entanto, grandes municípios como Maringá, Guarapuava e Paranaguá também entram na lista.

Por outro lado, quase a metade dos municípios (47%) já utiliza aterros sanitários. "O índice está dentro da média nacional, de aproximadamente 40%. O estado só fica atrás de São Paulo, onde 70% das cidades contam com a destinação correta", avalia a coordenadora da pesquisa, Ana Claudia Muller.

Outros 27% dependem de uma solução intermediária: os aterros controlados. Nesse sistema, o resíduo é depositado em um terreno ipermeabilizado e coberto diariamente com terra, diminuindo a absorção do chorume no solo e tendo menos impacto que o simples despejo do lixo no solo – o lixão. Mas a solução ideal é o aterro sanitário, que tem o terreno selado com argila e grossas mantas de PVC. O chorume é coletado e tratado e o lixo, coberto diariamente.

Chama a atenção no estudo o alto índice de coleta domiciliar de lixo no estado: 90%. "A falta da coleta é um problema que afeta diretamente à população e é politicamente mais atraente investir nisso do que na destinação final, que só incomoda os moradores do entorno. Especialmente nos municípios pequenos, com restrições orçamentárias", observa o engenheiro sanitarista Fernando Salino Cortes.

Se a falta de recursos pode explicar a falta de uma solução correta para o lixo em pequenas localidades, três cidades que são polos regionais também estão nesse grupo. Em Paranaguá, o lixo proveniente das residências e da limpeza pública é depositado, há 40 anos, no lixão do Imbucuí. O município é considerado como em "outra situação" pelo Ipardes porque os resíduos de grandes geradores é vedado no local e está sendo destinado a um aterro privado.

O secretário de Meio Ambiente do município, Paulo Emanuel do Nascimento, promete para junho do ano que vem a conclusão das obras e operação de um aterro sanitário, que já era anunciado desde 2006. O projeto esteve emperrado devido a uma ação judicial da empresa proprietária da área, que contestava o valor proposto pela prefeitura. O imbróglio foi resolvido em novembro passado e as obras tiveram início no fim do ano.

Em Maringá, o lixão que funcionava há três décadas foi desativado em janeiro e o lixo é destinado para um empreendimento privado contratado pela prefeitura. A nova destinação obedece a todos os parâmetros de um aterro sanitário, garante o secretário de Serviços Públicos Wagner Mús­sio. Já Guarapuava tem um aterro em obras.

  • Conheça alguns resultados da pesquisa do Ipardes

A recuperação da mata nativa, o controle do uso de agrotóxicos, a destinação correta do lixo e o acompanhamento da qualidade da água são apontadas como ações prioritárias para manter a sustentabilidade ambiental no Paraná. A conclusão é de uma pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvol­vimento Econômico e Social (Ipardes), apresentada ontem, que cruzou indicadores sociais, ambientais e econômicos.

De acordo com o estudo, o Paraná mantém apenas 12% de sua vegetação original, apenas dois pontos acima da média mínima preconizada pela ONU e pela Unesco como necessária para garantir a sobrevivência da biodiversidade e dos recursos hídricos. O índice ideal defendido pelos ambientalistas para inclusão no Novo Código Florestal é cobertura de 20%.

Junto com a necessidade de recuperação de áreas nativas vem a preocupação com o controle das áreas utilizadas pela agropecuária, que abrange 80% do território paranaense. Pela primeira vez, os pesquisadores do Ipardes avaliaram os aspectos relacionados a aplicação de agrotóxicos e os dados são alarmantes. A média de veneno aplicado nas lavouras do estado é três vezes maior que a média no Brasil.

Por ano, os agricultores paranaenses utilizam 12 quilos de agrotóxicos por hectares. Nacionalmente, a média divulgada pelo IBGE, é de 4 quilos por hectare (kg/ha). O maior consumo, 60% (como a média nacional) é de herbicidas, pesticida aplicado no controle de erva daninha. A região da Bacia Paraná 3 (núcleo regional em Cascavel) é a que mais utiliza os defensores agrícolas, são 23kg/ha, seguida pela região do Baixo Tibagi (núcleo regional em Londrina) com 20kg/ha e pela região do Alto Tibagi (núcleo regional em Ponta Grossa).

A gravidade aumenta com a classificação dos agrotóxicos. A maioria foi classificada como muito perigoso e perigoso. "Essa análise é importante, porque o uso desses produtos não é medido e eles afetam os recursos hídricos", explica a coordenadora da pesquisa, Ana Claúdia Mueller. Além disso, o não tratamento da água utilizada no abastecimento público é o principal motivo de poluição dos mananciais. Mas em áreas como o Baixo Ivaí (núcleo regional Maringá), onde o maior consumo do recurso é na agricultura, a situação já é preocupante.

Trânsito

Outro levantamento inédito fala sobre o trânsito. A proporção de transporte coletivo em relação ao transporte particular (por habitante) é o que indica a sustentabilidade do modal. Os veículos de passeio são disparado o meio de transporte mais utilizado no estado. Os veículos particulares representam mais que 90% dos veículos totais do Paraná, e a situação se reproduz em quase todos os municípios. A média de veículos particulares é de 375,5 para cada mil habitantes, quase a mesma quantidade de transporte coletivo, calculado em 379 por mil habitantes.

De acordo com Ana Cláudia, os países da União Europeia trabalham para que, em 2020, o transporte coletivo represente 40% dos meios de locomoção da população. Para ela, o que, por um lado, pode indicar um crescimento econômico da população, por outro, significa um agravante ambiental urbano e merece atenção especial do poder público.

Atualização

É o segundo estudo elaborado pelo Ipardes, no Paraná. A primeira edição foi em 2007. A atualização mostrou, por exemplo, a vulnerabilidade da região do Norte Pioneiro, que fica dentro da bacia Cinzas. Representando 1,8% do PIB estadual e com uma cobertura vegetal de apenas 4%, são poucos os municípios da região que investem em gestão ambiental. Para Ana Cláudia, a recuperação da mata nativa é um passo fundamental para melhorar a qualidade de vida e os indicadores sociais no Norte Pioneiro.

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