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Drama

Desaparecimento de Guilherme completa 16 anos sem solução

Uma data que está longe de merecer comemoração para a mãe que se transformou em ícone da luta em defesa das crianças desaparecidas. Amanhã completa 16 anos que Arlete Caramês, 64 anos, não vê e muito menos recebe notícias sobre o paradeiro do filho, Guilherme Caramês Tiburtius. O menino desapareceu com 8 anos e meio de idade, em 17 de junho de 1991, enquanto andava de bicicleta em frente de sua casa, no bairro Jardim Social, em Curitiba.

O caso de Guilherme figura entre os 28 que ainda não foram solucionados no Paraná, segundo o Movimento Nacional em Defesa das Crianças Desaparecidas do Paraná (Cridespar), organização não-governamental (ONG) criada por Arlete em meio à luta pela busca do filho. A maioria desses desaparecimentos ocorreu há mais de dez anos.

Desde 2006, o Cridespar registrou 157 casos de desaparecimento de crianças, todos solucionados pela polícia, sendo que sete das vítimas estavam mortas. O caso mais recente que continua sem solução é o da menina Vivian Florêncio, desaparecida em 2005, ano em que 111 crianças foram achadas, sendo duas mortas. Desde o surgimento do Cridespar até hoje, mais de mil pequeninos foram reencontrados e a maioria deles estava vivo. "Mas as tristezas são muito mais fortes e presentes do que as alegrias", afirma Arlete.

O sumiço de Vivian não é menos intrigante que o de Guilherme, nem que os das outras crianças desaparecidas no estado até o momento. Aos 3 anos de idade, a menina sumiu após ter saído com a mãe Maria Emília Cacciatore Florêncio, em 4 de março de 2005. As duas iam ao encontro do suposto pai de Vivian, o ex-sargento da Polícia Militar Édson do Prado. Cinco dias depois, Maria Emília foi encontrada morta nua, enterrada numa cova rasa em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba. Vivian nunca mais foi vista. Acusado da morte de Maria Emília, o ex-PM está preso, mas até hoje não deu informação alguma sobre a menina.

Unidas pela dor

Dor e esperança é o que une tanto a família de Guilherme quanto a de Vivian. Durante a semana, a mãe de Guilherme, Arlete, e a avó de Vivian, Marlene Cacciatore Florêncio, estiveram na Boca Maldita, no Centro de Curitiba, à frente de uma campanha de prevenção ao desaparecimento de crianças. As duas carregam a marca de suas vidas terem se transformado após o sumiço dos dois pequeninos.

A mãe de Guilherme passou de bancária à fundadora e presidente da ONG à qual está à frente até hoje. No ano passado cumpriu seu último ano do primeiro mandato como deputada estadual e antes havia sido vereadora de Curitiba por duas vezes seguidas. Apesar do sofrimento estampado no rosto, falar do desaparecimento do filho é o que dá forças para que ela siga em frente. "Antes a minha vida era muito diferente. Agora é uma busca constante sem solução", diz.

A rotina de Marlene também foi totalmente modificada. Desde o desaparecimento da neta e a morte da filha, ela abandonou o trabalho de artesã, passou a cuidar dos outros dois filhos de Maria Emília e vive uma busca incessante. "Toda noite vou dormir pensando se vou ter ou não notícia dela, se vou receber algum telefonema", diz. A avó de Vivian passou a integrar o Cridespar e conta que a família inteira ainda vive em função de encontrar Vivian.

Drama semelhante ao vivido pela avó de Guilherme, Sueli Caramês, 83 anos, que há 16 anos sente um vazio e uma dor no dia de seu próprio aniversário. Era ela quem cuidava do neto momentos antes de ele desaparecer. A imagem de Guilherme pedindo para dar mais uma volta de bicicleta em frente de casa permanece até hoje. Lágrimas ocupam o lugar de palavras e demonstram a angústia de nunca mais ter visto o neto.

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