Uma pesquisa que começou a ser elaborada na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) nesta semana pretende encontrar uma solução para o descarte dos cigarros contrabandeados apreendidos na região. Quatro alunos de iniciação científica e uma aluna de mestrado estudam uma maneira de reaproveitar o produto com mais de 4,5 mil substâncias tóxicas em sua composição.
A universidade foi procurada neste ano pela Receita Federal para tentar resolver um problema que costuma ocupar diariamente as páginas dos jornais. De acordo com informações do órgão de fiscalização, em 2011 cinco milhões de maços do produto foram apreendidos em Ponta Grossa. No mesmo ano, no Paraná, 74 milhões de carteiras de cigarro passaram a compor o arsenal dos produtos contrabandeados nos barracões onde são guardadas as apreensões.
O coordenador do curso de química da UEPG, Sandro Xavier de Campos, está à frente do grupo e diz que a metodologia de trabalho consiste, sobretudo, em testar formas de decompor o cigarro. "Começamos os trabalhos agora e não temos ainda resultados para apresentar, mas nosso objetivo é usar o cigarro contrabandeado para tentar fazer algum material possível de ser jogado em alguma cultura [plantação]", conta o professor.
Xavier aponta que, apesar de ainda não ter dados sobre os cigarros que começam a estudar agora, as pesquisas anteriores já fornecem um histórico sobre o tema. "O que sabemos, que já foi encontrado em outros estudos, é de pelo de rato, a pedaço de barata, fios de nylon, plástico e lixo em geral [encontrados na composição dos cigarros falsificados]. Mas o pior de todos é um inseticida usado na cultura do fumo, o BHC, que já foi proibido há mais de 20 anos no Brasil", alerta.
Apenas com a fiscalização de três carretas em Matelândia, Medianeira e Céu Azul na madrugada desta sexta (6), a Receita Federal apreendeu 2 mil caixas de cigarro. Em Foz do Iguaçu, na noite de quinta-feira (5), outras 700 caixas foram apreendidas depois de uma carga ter sido barrada pela Polícia Federal em uma estação aduaneira.