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Outras descobertas

Em agosto do ano passado, um planeta pequeno e rochoso, apenas um pouco maior que a Terra, também havia sido descoberto. A diferença é que ele está muito mais próximo da estrela-mãe e, por isso, tem temperaturas infernais, de até 2,8 mil °C, além de um período orbital (tempo que o planeta leva para completar uma volta em torno da estrela) rapidíssimo, de apenas 8,5 horas, em vez dos 365 dias que tem o ano terrestre. O exoplaneta Kepler-78b era considerado até então o mais parecido com a Terra que já tinha sido identificado, segundo dois estudos da revista Nature.

2009

A Nasa lançou o telescópio espacial Kepler em 2009 para pesquisar cerca de 150.000 estrelas em busca de sinais de algum planeta passando ao largo, ou transitando, em relação ao ponto de vista do telescópio. No ano passado, o Kepler foi deslocado por uma falha no sistema de posicionamento. As análises dos dados arquivados no Kepler continuam.

A existência de vida fora da Terra, um dos maiores mistérios para os seres humanos, nunca esteve tão próxima de se confirmar. Cientistas anunciaram ontem a descoberta do primeiro planeta fora do sistema solar de tamanho similar ao da Terra e onde pode haver água em estado líquido na superfície. Isso significa que o planeta pode ser habitável.

INFOGRÁFICO: Veja a comparação do nosso sistema solar com o Kepler-186

A novidade reafirma a probabilidade de que haja planetas irmãos à Terra na nossa galáxia, a Via Láctea. O trabalho, conduzido por um cientista da agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa, foi publicado ontem na revista científica Science.

"É o primeiro exoplaneta [planeta que orbita uma estrela que não seja o Sol] do tamanho da Terra encontrado na zona habitável de outra estrela", explicou Elisa Quintana, astrônoma do centro de investigação da Nasa, que liderou as pesquisas. "A descoberta é algo particularmente interessante porque o planeta, batizado de Kepler-186f, orbita uma estrela anã vermelha (a Kepler-186), menos quente que o Sol, em uma zona onde pode haver água líquida."

De acordo com os cientistas, o planeta recém-descoberto tem 1,1 vez o tamanho da Terra, está na quinta posição contada a partir de seu sol e precisa de 129,9 dias terrestres para dar uma volta inteira em torno de sua estrela - o equivalente a um ano.

Já a estrela anã tem aproximadamente metade do diâmetro do Sol e fica a 490 anos-luz da Terra. Essa zona é considerada habitável porque a vida, tal como conhecemos, tem possibilidade de se desenvolver no local.

"Que a gente saiba, só existe vida aqui [na Terra]. Então, estávamos procurando por um sistema exatamente como o nosso, ou seja, que tivesse um planeta do tamanho da Terra, localizado na zona habitável [com uma distância da sua estrela tal que a temperatura na superfície faça com que seja possível a existência de água] e que estivesse orbitando uma estrela parecida com o Sol", explica Isa Oliveira, pesquisador de astrofísica e sistemas planetários do Observatório Nacional.

"Até hoje, a gente só tinha conseguido uma ou duas dessas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Dessa vez, temos as três características juntas", afirma. O professor de Astronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Kepler de Souza Oliveira Filho, ressalta a importância da descoberta para a ciência. "[Esse planeta] é um bom candidato a ter vida. Tem um sistema planetário como o sistema solar e a estrela é um pouquinho mais fria do que o Sol, mas o planeta é um pouquinho mais perto da estrela do que a Terra. Ele estava sendo esperado há muitos anos. Não tínhamos capacidade técnica de encontrá-lo, e agora comprovamos que ele existe, sim", salienta o professor.

A estrela que funciona como o sol desse sistema é a anã vermelha que, segunda a pesquisadora Isa Oliveira, representa 70% das estrelas no universo. "É bastante excitante que isso ocorra ao redor de uma estrela tão comum. Dá esperança de que a ocorrência de planetas com vida seja bastante possível em outros locais no universo", afirma.

Incertezas

Embora as condições no Kepler-186f sejam propícias para a existência de vida, ainda vai demorar ao menos uma década para que os humanos confirmem a informação. Esse é o tempo necessário para construir telescópios com tecnologia adequada para fazer a aferição.

Vida

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