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Até chegar a uma negociação favorável, professores seguem acampados em frente ao Palácio Iguaçu. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Até chegar a uma negociação favorável, professores seguem acampados em frente ao Palácio Iguaçu.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A paralisação dos professores e servidores da rede estadual de ensino vai se estender, no mínimo, até a metade da próxima semana. A APP-Sindicato, que representa os educadores estaduais, marcou para a próxima quarta-feira a realização de uma assembleia-geral que vai deliberar se a categoria põe fim à greve. Apesar de, em três rodadas de negociação, o governo ter se comprometido a atender vários itens da pauta de reivindicações, o clima entre os professores é de desconfiança e incertezas. Mesmo com os avanços, a categoria pode continuar parada.

“Se a assembleia fosse hoje, com certeza votaríamos pela continuidade da greve, porque há uma desconfiança muito grande em relação às promessas do governo”, disse o diretor de comunicação da APP, Luiz Fernando Rodrigues.

Unespar cobra o fim de obras atrasadas

Ainda sem previsão de volta às aulas, alunos e professores da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), em Paranaguá, realizaram uma passeata pelas ruas próximas ao campus.

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Enquanto isso, a greve entra hoje no seu décimo nono dia, com a categoria mobilizada. Centenas de professores permanecem acampados na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, entre o Palácio Iguaçu e a Assembleia Legislativa. Os professores prometem permanecer no local até o fim da paralisação.

Vaso quebrado...

Os educadores permanecem com um pé atrás com o compromisso firmado pelo governo. Não gostaram das declarações de Beto Richa sobre a greve e os pagamentos. “Não acreditamos nem um pouco. No ano passado, ele já havia dado a palavra, firmado compromissos conosco, mas não cumpriu”, disse a professora Paulla Helena Silva de Carvalho. Ainda que a greve termine na quarta-feira, os educadores dizem ser impossível retomar as aulas na semana que vem.

O governo do estado considera as negociações encerradas. Os educadores, por sua vez, alegam que a pauta não foi esgotada. Há insatisfações, principalmente, em relação ao aspecto financeiro. A categoria reivindica o pagamento de progressões de carreira a que professores teriam direito, mas que ainda não foram implantadas. Elas somariam mais de R$ 90 milhões. “Em relação a esse item, não houve proposta: ficou no ‘devo, não nego, pago quando puder’”, apontou Rodrigues.

Sindicatos das universidades fazem assembleias entre esta sexta e dia 4

Maioria das entidades aponta que greve deve continuar após declaração de Beto Richa (PSDB) de que projeto do Paraná Previdência será reenviado em março.

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O sindicato também quer o pagamento imediato do terço de férias da categoria – em atraso desde dezembro, e que soma R$ 144 milhões. O governo havia se comprometido a quitar o débito até o fim de março. Chegam à APP, ainda, informações de que nem todos os funcionários temporários receberam o valor das rescisões de contrato.

Escolas

Se a assembleia fosse hoje, com certeza votaríamos pela continuidade da greve, porque há uma desconfiança muito grande em relação às promessas do governo.

Luiz Fernando Rodrigues da APP

Os educadores também esperam que as promessas relacionadas às condições das escolas sejam efetivadas. Ao longo da negociação, o governo aceitou contratar os 5,5 mil professores aprovados em concurso, mas a portaria de nomeação dos profissionais ainda não foi publicada em diário oficial. O sindicato também quer ter certeza de que, de fato, os dez mil professores temporários serão contratados – conforme compromisso firmado.

Outro ponto de impasse é o porte das escolas, que, de acordo com o número de turmas, estabelece quantos professores e funcionários cada colégio vai ter. O governo havia garantido que manteria o porte que as unidades tinham em dezembro do ano passado. Até a noite de desta quinta-feira, no entanto, os colégios apareciam no sistema com o porte reduzido.

Na quinta-feira (26), o governo encaminhou um documento à APP-Sindicato oficializando os compromissos assumidos. Por isso, a decisão da categoria foi recebida com estranhamento no Palácio Iguaçu.

Governo deixou de repassar R$ 22,5 mi para UEM, UEL e Unicentro

Verbas servem para despesas como material escolar, pagamento de funcionários terceirizados e gasolina

Três das sete universidades estaduais do Paraná deixaram de receber do governo do Paraná R$ 22,5 milhões nos anos de 2013 e 2014 referentes a verbas de custeio a que têm direito de acordo com a Lei Orçamentária Anual (LOA). O montante, utilizado para despesas como material escolar, pagamento de funcionários terceirizados e gasolina, deveria ter sido pago para a Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), mas foi contingenciado devido a ajustes de contas do governo estadual.

No caso da UEL, o valor soma cerca de R$ 9,5 milhões no período; a UEM ficou sem receber R$ 6,6 milhões; e a Unicentro, R$ 6,4 milhões. “Isso dificulta a manutenção dos serviços das instituições e está entre as reivindicações da nossa pauta de greve”, afirma Aldo Bona, reitor da Unicentro e presidente da Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior. “O pagamento desses valores é essencial para o funcionamento das instituições.”

De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Carlos Gomes, já é costume do Executivo não cumprir integralmente o pagamento dessas verbas. “Posso falar com a experiência de ter sido reitor: nunca vi a execução completa das verbas de custeio”, afirma. “Mas isso não chega a ponto de prejudicar as instituições.”

O consultor de educação Renato Casagrande afirma que as universidades não têm como manter suas atividades sem esses recursos. “Hoje, não há folga nenhuma nos orçamentos. Os custos estão subindo muitas vezes acima da inflação, o que resulta numa enorme dificuldade para mantê-las funcionando”, disse.

A Unioeste afirmou que tem recebido integralmente os repasses do governo previstos em lei. Procuradas, a Universidade Estadual de Ponta Grossa, a Universidade Estadual do Norte do Paraná e a Universidade Estadual do Paraná não responderam se havia verbas de orçamento não pagas.

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