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Transporte

Desconfiança é entrave extra ao projeto do metrô curitibano

Na próxima semana, a prefeitura de Curitiba dará um passo importante para começar a implantar a primeira linha de metrô da cidade: o processo de consultas públicas da minuta e dos anexos do edital de licitação terá início. A expectativa é de que o edital seja lançado já em fevereiro e que as obras comecem no segundo semestre. No entanto, apesar do planejamento e de contar com o apoio do curitibano, a maioria da população demonstra desconfiança de que o projeto vá mesmo sair do papel.

Pesquisa inédita realizada pelo instituto Paraná Pesquisas a pedido da Gazeta do Povo revela que 54,17% dos curitibanos não acreditam que, de fato, o metrô será construído. Se tivessem poder de decisão, quase 72% dos entrevistados prefeririam investir o dinheiro a ser gasto na obra em outra área – principalmente em saúde (39,53%) e em educação (10,08%).

Apesar das incertezas, a pesquisa aponta que quase 70% da população concordam com a construção do metrô. O apoio aumenta conforme avança o grau de escolaridade do entrevistado. Entre os curitibanos que completaram o ensino superior, por exemplo, a aprovação à obra atingiu 73,79%. Em relação à renda, as pessoas que se mostraram menos entusiasmadas com a implantação do modal foram as que integram a classe C – com 66,25% de aprovação. Nas outras camadas, o índice permaneceu acima dos 70%.

Cronograma

No dia 9 de janeiro, a prefeitura inicia o processo de consultas públicas. A minuta do edital e os anexos – que estão em fase de elaboração – serão disponibilizados no site www.curitiba.pr.gov.br. Na semana seguinte, a prefeitura realiza a única audiência pública, para ouvir a população sobre o processo.

"Vamos ouvir a sociedade, os interessados. Em seguida, recolhemos todas as propostas e sugestões e vamos para o texto final. A ideia é que no final de fevereiro o edital esteja à disposição", disse o secretário municipal de Planejamento, Fábio Scatolin.

A obra será executada por meio de parceria público-privada (PPP). Os termos do edital só serão divulgados na próxima semana, mas, por enquanto, sabe-se que deve vencer a licitação o grupo que fixar a proposta que viabilize uma passagem mais barata. "Aquele que apresentar a menor tarifa técnica, ganha", resume Scatolin. O grupo poderá explorar a concessão da linha por 30 anos.

O trecho a ser construído corresponde à primeira parte da Linha Azul, entre a CIC e o terminal do Cabral. Segundo estudo técnico realizado Consórcio Triunfo Participações e Investimentos S. A., nessa fase serão 14 estações em uma extensão de 17,5 quilômetros. A etapa custará R$ 4,6 bilhões, garantidos em outubro, em um acordo entre prefeitura, estado e União. A intenção é que, em uma segunda etapa, a linha se estenda até o terminal do Santa Cândida.

Verba deve ser liberada até março deste ano

A Secretaria Municipal do Planejamento e Gestão espera que a verba que vai custear a implantação da primeira fase do metrô curitibano seja liberada oficialmente entre o fim de fevereiro e o início de março. O município já encaminhou o Estudo de Viabilidade Técnica e Econômico-Financeira (EVTE) aos ministérios das Cidades e do Planejamento. O documento é uma exigência para que a verba seja destinada à obra.

"Desde dezembro, quando apresentamos o EVTE aos ministérios, o processo avançou muito. Eles [os ministérios] querem a minuta do edital, querem acompanhar este processo. Acredito que em fevereiro a liberação já deve ser publicada no Diário Oficial da União", disse o secretário Fábio Scatolin. "No segundo semestre, já poderemos ter a montagem de canteiros, começando a obra efetivamente", completou.

Os R$ 4,6 bilhões serão repartidos da seguinte forma: a União destinará R$ 1,8 bilhão, a fundo perdido (sem necessidade de pagamento) e concederá R$ 1,4 bilhão em empréstimos (R$ 700 milhões para o município e R$ 700 milhões para o estado). Outros R$ 1,4 bilhão advirão da iniciativa privada, por meio de investimentos do grupo que vencer a licitação.

Além de desejar empregar o dinheiro da construção do metrô em outras áreas, o curitibano também está mal informado em relação aos custos da obra. A pesquisa demonstrou que 80% dos entrevistados não sabem quanto será gasto na implantação do modal subterrâneo. Dos 20% que afirmaram saber o custo de execução da obra, apenas 5,57% assinalaram a opção correta: que o metrô prevê gastos entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões. A maioria – quase 10% – chutou acima do valor orçado.

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