Só haverá melhora na forma como enfrentamos os problemas relacionados ao uso de drogas quando compreendermos que propostas de mudanças não são sinônimos de “apologia” ou “liberação”. Uma coisa são os efeitos que as drogas podem causar no organismo. É inegável que uma pessoa pode ter prejuízos decorrentes da sua relação com alguma substância, seja ela lícita ou ilícita. Outra coisa, bem diferente, é refletir sobre como estamos lidando com estes prejuízos, enquanto sociedade. Como formulamos a política de drogas, ou seja, como o Estado regula a relação dos seres humanos com substâncias que causam alteração no organismo (relação que, diga-se de passagem, sempre existiu, desde que o ser humano está na Terra!)
Fazendo essa reflexão perceberemos que a política de drogas atual causa prejuízos ainda maiores do que o próprio uso de drogas em si – que é muito mais uma questão de saúde, de políticas públicas de educação, informação honesta, cultura, esporte, rede de atenção e recuperação a usuários e apoio a familiares.
A descriminalização do usuário de drogas nada tem a ver com “liberação”, que, aliás, é um termo que tem sido utilizado de uma forma bastante equivocada.
Diversos estudos mostram que todos os países que descriminalizaram o uso de drogas não verificaram aumento no consumo. O medo de que pessoas passarão a usar mais drogas porque isso deixou de ser um crime é infundado.
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