Superlua registrada em outubro, em São Paulo: fenômeno será ainda maior em novembro.| Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas

A superlua, fenômeno que acontece devido à proximidade da lua com a Terra, deve voltar a iluminar os céus na noite da próxima segunda-feira (14). Essa será a maior aproximação com a Terra desde 1948 – e a próxima oportunidade será apenas em 2034! Mas, depois da ressaca histórica que causou destruição do litoral do Paraná no último mês, bate aquela dúvida: será que a superlua pode alterar de forma significativa as marés e causar mais estragos nas cidades litorâneas?

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De acordo com o presidente do Grupo de Estudo e Divulgação da Astronomia de Londrina (Gedal), Miguel Fernando Moreno, não há motivos para preocupação. Segundo Moreno, que é especialista em Astrobiologia, o fenômeno pode causar variação das marés, mas não de forma significativa e sim como em qualquer período de lua cheia. “É a interação entre a Terra e a lua que causa a amplitude das marés – isso porque a parte líquida, no caso os oceanos, se movimenta com mais facilidade por conta dessa atração”, conta. “Quanto maior a interação, maior é essa movimentação. Mas a aproximação da superlua não é tão grande quanto parece”, explica o especialista.

Distância entre a Terra e Lua diminui 22 mil km

Moreno afirma que, por causa da órbita da lua, ela fica mais próxima ou mais distante da Terra em diversos momentos. Quando o fenômeno da superlua ocorre, o satélite, em fase de lua cheia, está mais próximo. “A órbita da lua é elíptica. Quando ela está mais perto da Terra, temos uma condição chamada perigeu. Coincidentemente, isso ocorre quando a lua está na fase cheia”, diz.

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O contrário, assinala o especialista, quando a lua está mais distante da Terra, é chamado de apogeu. A distância média da lua com o planeta Terra é de 384 mil km. Quando a lua cheia coincide com o perigeu, essa distância é de 362 mil quilômetros, conforme dados da Nasa.

Segundo o professor, a superlua não é tão maior do que a lua cheia que se vê normalmente. O que acontece é uma espécie de “ilusão de ótica”, que faz com que o observador tenha impressão de que o satélite está maior e mais brilhante do que o de costume. “A mudança de diâmetro é pequena, cerca de 10% maior apenas. A diferença é que, neste caso, as pessoas prestam mais atenção do que em qualquer lua cheia”, comenta.

Moreno pontua que a semelhança nas dimensões só não é percebida por leigos porque, ao se ter a lua mais próxima da Terra, tem-se um ponto de referência para observação no horizonte. “Faça o teste do dedo mindinho. Tente esticar o braço e tapar a superlua com o dedo mindinho. Depois, compare quando estiver uma lua cheia ‘normal’. O tamanho continuará o mesmo”, ensina.

Como observar?

Ainda assim, se a ideia é apreciar o fenômeno iluminando o céu, o ideal é que sejam usados equipamentos como telescópios ou mesmo binóculos. “Os equipamentos mais simples já ajudam a ter um resultado bom. A lua cheia também não deixa de ser um espetáculo romântico e bonito de ser visto mesmo a olhos nus”, salienta o professor, ao enfatizar que, apesar disso, os grupos de estudos astronômicos ainda preferem focar as observações lunares na fase da lua crescente. Neste período, a luz do sol que incide sobre o satélite produz mais sombras e é possível visualizar crateras com mais facilidade.

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