Desde o início deste ano, 16 linhas que integram o sistema de transporte da Região Metropolitana de Curitiba, gerenciado pela Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), já tiveram seus itinerários alterados. Oito dessas mudanças foram aplicadas nos últimos dois meses, pondo à prova a paciência de passageiros que foram impactados com o fim de ao menos duas linhas metropolitanas e com a extensão de trajetos de alguns dos coletivos.
Parte das alterações levou um grupo a protestar na última quinta-feira (16), no Terminal Roça Grande, em Colombo. Eles contestaram a mudança nas linhas Santa Tereza e Ana Rosa, que passaram de metropolitanas para alimentadoras. Na prática, isso significa que os ônibus que operam nesta linha deixaram de ligar o município vizinho ao Terminal Guadalupe, em Curitiba.
Não é difícil encontrar moradores ou trabalhadores de Colombo que reclamem da situação. A auxiliar administrativa Maria Aparecida Otto mora em Curitiba, no bairro Barreirinha, mas trabalha no Jardim Osasco, na RMC. A alteração das linhas de ônibus fez com que ela tivesse que mudar a sua rotina e o dia teve que começar mais de meia hora antes do normal para não gerar atrasos no trabalho. “Eles mudaram todos os horários, os itinerários, não avisam quando eles circulam ou não”, reclama.
De acordo com Maria Aparecida, além de demorar muito mais, os ônibus vem cada vez mais cheios e muitas vezes não deixam o Terminal Roça Grande até que estejam completamente lotados. “Eles ficam parados 15, 20 minutos até não entrar mais ninguém. É um descaso completo e o povo está muito cansado de tanta injustiça”, comenta.
Para a auxiliar de limpeza Noely Detetris, a desintegração também significou uma alteração na rotina. Agora, para não chegar atrasada ao trabalho, ela precisa chegar quase meia hora antes e esperar que alguém abra o prédio. “Os ônibus passam com 45 minutos de intervalo. Se eu perco um deles, chego muito atrasada. Então chego antes e fico esperando na frente, até alguém chegar para abrir o prédio às 8h”, contou.
Noely diz que ficou cada vez pior ir para Curitiba depois da desintegração. “Sem a parada no Terminal Guadalupe a gente acaba ficando sem chão”, reclama a moradora de Colombo.
Para Comec, mudanças são uma revisão do sistema
Linhas como a São Pedro, em Quatro Barras; Colônia Faria, também em Colombo; e Eucaliptos III – Pioneiros, em Fazenda Rio Grande tiveram seus trajetos estendidos, o que aumentou o tempo das viagens. De acordo com a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), o que houve foi uma revisão do sistema.
“Até março do ano passado, as linhas metropolitanas faziam parte convênio com a Urbs [que gerencia o sistema de transporte da capital]. Até este período, inclusive pela sobrecarga da Urbs com as linhas urbanas, as linhas metropolitanas foram deixadas de lado em termos de planejamento, trajeto e itinerário. À medida em que esse sistema foi separado, a Comec precisou reavaliar todas as linhas de todas as regiões”, defendeu o diretor presidente da Comec Omar Akel. “Por isso, todas essas áreas vêm sendo estudadas para que seja possível tirar máximo rendimento das frotas existentes e conseguir uma maior racionalidade possível dos itinerários e dos horários”, afirmou.
Segundo Akel, se por um lado houve corte em linhas metropolitanas e aumento de quilometragem cumprida por linhas específicas, por outro houve aumento de partidas diárias de rotas, como a que gerou o protesto na semana passada.
“A linha Santa Tereza, por exemplo, aumentou de 40 para 45 partidas diárias do terminal de Roça Grande, que foi todo revitalizado para receber esse maior fluxo de passageiros. Não é uma coisa pensada da noite para o dia. Estávamos há mais de quatro meses trabalhando com a prefeitura de Colombo para melhor aproveitar o transporte coletivo da cidade. Em todo o sistema, fomos discutindo com as prefeituras, com as câmaras, com as lideranças e com as empresas”, explicou o diretor da Comec.
Ainda de acordo com Akel, uma reunião com passageiros que foram afetados pelas mudanças do sistema de transporte de Colombo deve ocorrer ainda nesta semana. O objetivo é esclarecer as dúvidas sobre as alterações postas em práticas.