Quatro jovens haitianos aguardavam atendimento no salão da Pastoral do Migrante, em Curitiba, na última quinta-feira. Todos estavam desempregados. O caso mais drástico era o de Jean Claude Avreius, de 31 anos, que estava no Brasil havia nove meses, sem nunca ter conseguido uma vaga. Não há números absolutos, mas a percepção de quem atua no acolhimento de migrantes é de que o fluxo à região de Curitiba diminuiu nos últimos seis meses, principalmente por causa da dificuldade enfrentada pelos estrangeiros em conseguir trabalho.
“Eles [os migrantes] estão tomando consciência do desemprego e da dificuldade de obter documentos para quem quer entrar no país pela via legal. Quem vem, não encontra vida fácil”, opinou o padre Agler Cherizier.
A decepção imposta pelas dificuldades fazia com que os quatro haitianos, por exemplo, já defendessem um endurecimento do governo brasileiro, que desde 2012 concede vistos humanitários aos migrantes do Haiti que entram no país de forma ilegal. “O Brasil precisava fechar as portas, porque tem muito haitiano e pouco trabalho”, defendeu Avreius.
O padre Agler pondera que os governos do Brasil e Haiti deveriam atuar de forma a romper com o caminho ilegal que haitianos têm trilhado para chegar, por meio da ação de “coiotes”. “Essas pessoas se aproveitam do fato de o governo dar visto humanitário e exploram o sonho de vida melhor desses haitianos. Esse controle precisava ser melhorado”, disse Agler.
Após nove meses de espera, Jean Claude Avreius conseguiu, na última sexta-feira, seu primeiro emprego no Brasil. Por intermédio da Pastoral, uma madeireira o contratou. O rapaz, que carrega na carteira foto da esposa e dos dois filhos deixados no Haiti, vê no trabalho uma oportunidade para juntar dinheiro e fazer o caminho de volta. “O Brasil foi uma decepção”, definiu.
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