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Cidade Gaúcha – Ele tem 13 anos e mora na Vila Rural Fiorêncio Barea, em Cidade Gaúcha (650 quilômetros de Curitiba). Este ano vai cursar a 8.ª série no Colégio Estadual Marechal Costa e Silva, para onde vai voltar das férias como vencedor de um concurso mundial. Cléverson Rosa terá muita novidade para contar aos coleguinhas no retorno às aulas. Ele é o autor do desenho que venceu o concurso internacional de cartazes sobre a paz, promovido anualmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) e o Lions Clube.

A trajetória de Cléverson começou na sala de aula, com outros 14 colegas de 11 a 13 anos que decidiram testar seus talentos depois da proposta da professora de artes da turma, Regina Simone Braga. "Levei o regulamento e expliquei o tema aos alunos da 5.ª à 7.ª séries, em outubro do ano passado. Dei algumas sugestões e os deixei livres para usarem a criatividade. Dias depois eles me trouxeram esboços. O Cléverson veio com o desenho praticamente pronto", conta a professora.

Uma pomba branca, carregando nas asas homens de várias nações e culturas, despejando flores brancas sobre a Terra. Essa foi a idéia de Cléverson para simbolizar o tema "Paz sem fronteiras". O desenho foi o melhor do colégio, venceu a fase estadual e passou à frente também de centenas de trabalhos apresentados por participantes da Região Sul do país. Foi escolhido com louvor ainda na fase nacional e acabou representando o Brasil – pela primeira vez – no concurso internacional de cartazes do Lions Clube. Bateu 300 mil concorrentes de 196 países. Como prêmio, vai ganhar US$ 2,5 mil dólares.

Cléverson não precisa de muito material para revelar sua capacidade. Lápis de cor e papel sulfite são suficientes para demonstrar a habilidade no tratamento de cores, luz e sombra, tonalidades e profundidade. Ele pinta e desenha desde que entrou na escola, aos 6 anos. "No cartaz do concurso ele se superou", diz a professora. "Venceu pela estética e interpretação do tema. O regulamento proibia o uso de palavras, mas o desenho dele diz tudo", completa.

A conquista parece não ter sido assimilada pela família. O agricultor Joaquim Pereira Rosa e a dona de casa Cleonice Rosa ainda se emocionam ao falar na proeza do filho caçula. "Até hoje eu ainda não acredito. Parece um sonho", diz a mãe. Dona Cleonice não vai acompanhar o filho na viagem a Nova Iorque por medo de viajar de avião. Cleyton, de 17 anos, vai ficar com a mãe.

Em março, o pai vai deixar a lida na horta, de onde tira o sustento da família com a venda de verduras em seu carrinho de mão, para acompanhar Cléverson e o irmão, Cristiano, de 19 anos, para receber o prêmio. Eles vão conhecer a sede da ONU com outros 24 estudantes que participaram do concurso. Cléverson ainda não sabe o que vai fazer com os quase R$ 6 mil que vai receber. Por enquanto está mais preocupado em garantir seu embarque para Nova Iorque. A família precisa providenciar passaportes e vistos para entrar no país, trâmites que estão sendo providenciados pela prefeitura.

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