Nos últimos oito anos em que comparece ao desfile que comemora o Dia da Independência do Brasil, no Centro Cívico, em Curitiba, a vendedora Aline Ferpin afirma que este foi o que teve menos movimento de pessoas. "Desfilando" com seus cata-ventos decorados com motivos da bandeira do Brasil, até a metade do evento, ela havia vendido apenas cinco peças, o que representou R$ 15 no caixa. "É por causa da chuva, né", justificou.
A dificuldade nas vendas refletiu o efeito do mau tempo na capital para o evento. Havia mais pessoas desfilando do que nas arquibancadas. Conforme informações da organização da homenagem à Independência do Brasil em Curitiba, 2,5 mil pessoas compareceram ao desfile, que começou às 9 horas e terminou perto do meio-dia, enquanto que cerca de 2 mil militares e 800 civis representaram suas instituições pela Avenida Cândido de Abreu.
A chuvinha fraca e contínua, porém, não desanimou a professora Atalita Crisóstomo e seu filho Arthur, de seis anos, que prestigiaram o desfile pela primeira vez. O motivo era especial: o irmão de Arthur, que é militar, passaria pela Avenida. "Ele está ansioso para ver os tanques de guerra e os carros do Exército", contou a mãe do menino tímido. Ele ostentava uma camiseta camuflada, ao estilo militar, e um dos cata-ventos vendidos por Aline.
Além de representantes das escolas municipais e estaduais do Paraná e das instituições militares do estado, os presentes no evento puderam conferir o desfile de 30 integrantes da Academia Militar das Agulhas Negras, que fica no Rio de Janeiro e, todo ano, envia alguns dos seus integrantes para diversas paradas de sete de setembro espelhadas pelo país. Caio Ferreira, Tiago Mendes e Eduardo Dalanora são três dos cadetes que vieram a Curitiba. "Geralmente nos mandam para cidades onde temos parentes para aproveitar", explicou Caio.
Civismo ativo nas eleições
A aposentada Lourdes Maria Almeida, de 72 anos, que se produziu com as cores da bandeira brasileira, não sabia dizer ao certo a quantos desfiles já compareceu. "Meu pai era militar, então nesses dias me dá muita saudade dele", confessou. Para ela, este sete de setembro tem um significado especial, já que o país vive um ano eleitoral. "Mesmo não precisando mais, eu não deixo de votar, e vou continuar votando até Deus me deixar", disse.
A proximidade das eleições foi um motivo a mais encontrado pelo oficial da reserva das Forças Armadas, Celso Luiz de Azevedo Souza, para não só comparecer ao ato cívico e militar em Curitiba, como também para ostentar faixas de protesto contra o comunismo, que, na sua avaliação, ameaça o Brasil. "A sociedade brasileira não suporta mais a roubalheira, a pouca vergonha, e não pode ficar alheia a tudo que está acontecendo. Temos que reivindicar nossos direitos e a Justiça aos elementos nocivos à sociedade, como os políticos corruptos", avaliou.