Os protestos marcaram o desfile de Sete de Setembro em Curitiba. Normalmente organizado nos bairros ou na região metropolitana, o Grito dos Excluídos, manifestação promovida por várias entidades, dessa vez foi realizado no Centro Cívico. "A população vem para ver as festividades, e resolvemos marcar nossa presença justamente onde o povo está", justificou Valdemar Simão Júnior, da Coordenação dos Movimentos Sociais. No fim do desfile cívico-militar, os manifestantes conseguiram entrar na Avenida Cândido de Abreu.

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Segundo Simão Junior, a Polícia Militar havia dado permissão para que o protesto pudesse percorrer a avenida depois da banda do Colégio Estadual Júlia Wanderley, que fechou o desfile. Antes disso, os policiais reforçaram a presença na área do protesto e mantiveram uma barreira com motocicletas. Depois, passaram a "escoltar" os manifestantes. Foi quando um grupo anarquista, com cartazes contra a corrupção e máscaras de políticos, entre eles o presidente Lula, entrou na avenida entre os policiais e a banda. Os PMs correram para conter os jovens e chegaram a formar um cordão, logo dissolvido para a continuação do protesto. Os anarquistas permaneceram na frente do palanque onde estava o governador Roberto Requião, enquanto o Grito dos Excluídos continuou percorrendo a avenida na direção do centro.

Requião comentou sobre os protestos após o desfile. "Eles também são cidadãos, têm o direito de se manifestar. Se tivessem conversado conosco antes, talvez pudessem ter sido integrados ao evento", afirmou, mencionando nominalmente apenas o Movimento Sem-Terra – além do MST, o Grito dos Excluídos também era composto por entidades do movimento estudantil, sindicatos, a Central Única dos Trabalhadores, grupos sociais e pastorais da Igreja Católica. O bispo auxiliar de Curitiba, dom Ladislau Biernaski, participou da manifestação. "Honrar a pátria não é apenas se ufanar, mas cumprir os deveres e exigir os direitos. Os excluídos são muitos e não poderiam passar despercebidos em um dia como hoje", disse. Ramon Alves, diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), veio do Rio Grande do Norte e ainda participaria de outro protesto no Rio de Janeiro ontem. "Viemos pedir principalmente a reserva de vagas nas universidades públicas para estudantes de escola pública", afirmou. Em outras manifestações isoladas, faixas espalhadas ao longo da avenida criticavam o governo Lula, os pedágios e os baixos salários dos militares.

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