A agenda disputada das Unidades Básicas de Saúde (UBS), a oferta insuficiente de serviços prestados por convênios médicos particulares e, principalmente, a falta de informação sobre qual atendimento buscar na hora em que a dor aperta são problemas que refletem na superlotação dos setores de urgência e emergência de Curitiba.
Levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) mostra que, em média, 83% dos pacientes atendidos nas UPAs poderiam ser recebidos em uma UBS por não apresentarem quadro de urgência. “Eles [pacientes] relatam muito essa dificuldade de agendar na unidade básica”, explica Giovana Fratin, coordenadora do departamento de urgência e emergência da SMS.
Segundo ela, a certeza que estes pacientes têm de que irão ser atendidos no mesmo dia, independentemente da demora da espera, colabora para superlotar as UPAs, para onde muitas pessoas também vão sem saber ao certo se aquele é o local ideal para resolver seu problema. “Essas pessoas têm uma sensação de segurança dentro da UPA. Sabem que o médico vai atender, sabem que se precisar fazer exame vai ser feito. Então, eles preferem aguardar e ser atendidos naquele dia, e isso acaba sobrecarregando o serviço. O que a gente não pode fazer é deixar de prestar atendimento a um usuário, mesmo que afogue as UPAs”, comenta a coordenadora.
Giovana ressalta que o processo de um paciente em um setor de emergência irá sempre depender do problema apresentado, que prioriza, ainda, o atendimento a idosos e bebês. Em casos graves, os pacientes não chegam nem a passar pela recepção e seguem diretamente para avaliação médica. Já os demais que chegam à unidade precisam se submeter ao procedimento de classificação de risco, a chamada triagem, que vai identificar se é possível ou não esperar.
A coordenadora médica do pronto-socorro do Hospital Cajuru, Karina Grassi, também entende que o desconhecimento da população de qual serviço médico buscar impacta na demora dos atendimentos. “É um pouco da cultura da população, que acaba vindo no local mais fácil. E não importa se têm de esperar mais”, comenta.
Uma pesquisa recente do Hospital Universitário Cajuru constatou que a maioria dos curitibanos não sabe utilizar o SUS. Segundo os estudos, 81% dos usuários não sabe diferenciar as funções que cada instituição de saúde exerce no sistema.