A desintegração financeira da Rede Integrada de Transportes (RIT) da Grande Curitiba descortinou o peso da contratação dos sistemas de bilhetagem nas contas do setor. Na capital, os validadores foram adquiridos em definitivo após 48 meses de locação e hoje há previsão de inclusão na tarifa do custeio desses equipamentos. Já nas linhas metropolitanas, as viações optaram por fazer um contrato de arrendamento e garantem que os custos não recairão no passageiro. Semana retrasada, o diretor presidente da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), Omar Akel, havia dito que os empresários seriam ressarcidos na licitação das linhas metropolitanas, mas o órgão voltou atrás e descartou a indenização por se tratar de um empréstimo.
Nas linhas urbanas de Curitiba, esse sistema é fornecido pela Dataprom. Em 2009, a empresa foi contratada pelo Instituto Curitiba de Informática para locar 2 mil equipamentos, além de softwares e serviços por 48 meses. Tudo custou R$ 29 milhões. A transação, feita durante a gestão Beto Richa, é apontada por críticos como uma subcontratação sem licitação.
Uma das cláusulas daquele acordo permitia ao ICI ou ao cliente final dele (no caso, a Urbs) comprar os equipamentos por apenas R$ 9 mil ao final do contrato de locação. Segundo a Dataprom, o instituto exerceu esse direito e repassou os equipamentos à Urbs. Atualmente, a empresa tem um contrato de manutenção direto com as viações. O custo de R$ 435 mil por mês para 1.650 validadores (R$ 263 por equipamento, incluindo manutenção, softwares e outros equipamentos como no breaks e computadores de bordo) é pago pela tarifa. Mas ele já foi maior. Até 2013, custava R$ 591 mil por mês. O corte ocorreu em 2014, após revisão da planilha tarifária promovida pela prefeitura . A manutenção dos equipamentos incide no item “custos de administração”, que inclui desde despesas administrativas gerais até a limpeza dos terminais. O impacto por usuário é de R$ 0,02.
Na região metropolitana, a Metrocard optou por outro modelo. Após ter recebido da Comec a incumbência de contratar o serviço de bilhetagem, a associação alugou os serviços da Transdata por R$ 256 mil mensais para 715 validadores (R$ 358 por equipamento, incluindo a locação do softwares, manutenção e também os próprios validadores). Caso seja levado ao fim (o prazo é de 72 meses), o contrato custará R$ 17,7 milhões.
Em agosto do ano passado, o grupo que reune as empresas de ônibus havia recebido uma proposta para compra definitiva de 390 validadores. Ampliada para os 715 equipamentos, a conta final seria de R$ 10,1 milhões. A reportagem pediu a uma empresa do setor, que atua em cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco, que fizesse orçamento com tecnologia semelhante à empregada na RMC. O custo mínimo ficou em R$ 16 milhões.
Os empresários optaram pelo arrendamento, segundo eles, para driblar os altos custos de investimento inicial e ter a vantagem de poder incorporar avanços tecnológicos sem gasto adicional. Assim como em Curitiba, a contratação nas linhas metropolitanas foi feita sem licitação. A Metrocard alega que o contrato é entre entidades privadas e que a conta não será repassada ao cidadão. Em nota, a Comec endossou a afirmação.