Ao menos 18 pessoas morreram em decorrência da forte chuva que atingiu o estado de São Paulo entre a noite de quinta (10) e a madrugada desta sexta (11). Das 18 mortes, 16 estão na Grande São Paulo. Segundo a Defesa Civil do Estado, há 12 feridos e dezenas desabrigados. O Corpo de Bombeiros informou que dez pessoas morreram em Francisco Morato e outras quatro em Mairiporã, todas vítimas de soterramento.
Outras duas morreram afogadas: uma em Guarulhos e outra em Cajamar. O número total de desaparecidos ainda não foi informado pelos bombeiros. No interior, um homem morreu em Itatiba, região de Campinas, após ter sido levado por uma enxurrada. Outra morte registrada na cidade está sendo investigada e pode ter relação com as fortes chuvas. O corpo de um homem foi encontrado dentro de um bar – o imóvel também foi alagado. As autoridades investigam se a vítima morreu afogada ou por causa de uma parada cardiorrespiratória.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) cancelou todos os compromissos do dia e convocou uma reunião de emergência com o secretário Benedito Braga (Recursos Hídricos) e o coronel José Roberto, da Casa Militar. Ele visitará áreas atingidas no início da tarde.
Em Mairiporã, quatro pessoas morreram soterradas, entre elas uma criança, após um deslizamento que atingiu algumas casas. Outras sete pessoas foram resgatadas com vida do imóvel e levadas a hospitais da região.
Joice Domingues Melo, 45, aguarda notícias da sobrinha Paloma (idade não informada), desaparecida após deslizamento. “Ela havia se mudado para cá havia dois meses. Tinha marcado de ir conhecer a casa dela neste sábado.”
Rodrigo Carvalho, 26, escapou por pouco de não morrer soterrado. Ele mora em uma das casas atingidas pelo deslizamento em Mairiporã e, na quinta, ficou preso em uma enchente no centro da cidade. Por isso, teve que levar o carro a uma oficina e chegou mais tarde em casa. Ao chegar, a rua estava interditada e a casa tomada pela lama. “Perdi tudo. Só consegui salvar alguns documentos.”
O centro de Franco da Rocha está totalmente alagado, com ônibus e carros embaixo d’água. No Jardim Santa Filomena, os bombeiros buscam duas pessoas que estão soterradas em uma casa. Segundo a corporação, o imóvel foi atingido por um deslizamento de terra.
Em Francisco Morato, a Defesa Civil local confirmou que houve um deslizamento no Jardim Silvia. Cinco pessoas foram soterradas -uma já foi localizada, porém, morta. Os bombeiros estão no local para ajudar nas buscas. Não há registro de pessoas desalojadas ou desabrigadas.
“Infelizmente é uma tragédia porque toda a região está sendo castigada pela chuva. A gente fica muito triste com tudo o que está acontecendo e estamos trabalhando para tirar as pessoas das áreas de risco”, disse o prefeito Marcelo Cecchettini (PV) em entrevista à TV Globo.
Na cidade de Caieiras, a praça em frente a estação de trem permanece alagada, com carros submersos.
Na cidade de São Paulo, quatro pessoas foram resgatadas pelos bombeiros dos escombros de uma casa que desabou no Jardim Ângela, na zona sul.
As chuvas de quinta e sexta corresponderam a 40% do esperado para o mês na cidade, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências da Prefeitura. A chuva também provocou o transbordamento de rios e alagamentos em vários pontos das marginais Pinheiros e Tietê.
Segundo a prefeitura, a última vez em que as marginais Tietê e Pinheiros transbordaram num mesmo dia foi em 24 e 25 de maio de 2005.
A Companhia de Entrepostos e Armazéns de São Paulo (Ceagesp) informou que houve alagamentos em algumas áreas internas do Entreposto Terminal São Paulo. Não há vítimas. A única área que ainda está interditada é o Pavilhão das Melancias, que foi alagado e passa por limpeza. Todos os produtos atingidos serão descartados.
A previsão é de mais chuva para São Paulo nesta sexta-feira. Entre as cidades afetadas estão ainda Caieiras, Franco da Rocha, na Grande São Paulo, e Campinas e Jundiaí, no interior. O sistema de transporte na cidade opera com lentidão, com vários pontos de interdição. Ao menos três rodovias foram interditadas nesta madrugada devido a alagamentos e quedas de barreiras. Não há informações de feridos.
A situação mais crítica é na rodovia SP-332, que liga a Grande SP ao interior, que está parcialmente interditada nos dois sentidos devido a queda de seis barreiras.
As interdições ocorrem nos quilômetros 39, 42, 44, 46, 48 e 49. Segundo o DER (Departamento de Estradas e Rodagem), nestes trechos foi implantada a operação pare e siga para os motoristas. Não há previsão de liberação.
A rodovia Anchieta segue com lentidão entre o km 13 e o km 10, na chegada a SP, devido ao excesso de veículos. As demais rodovias do Sistema Anchieta-Imigrantes têm tráfego bom nos dois sentidos. Os motoristas que vão em direção ao litoral têm como opção as pistas sul da via Anchieta e da rodovia dos Imigrantes. A subida é realizada pelas pistas norte das duas rodovias.
A rodovia Presidente Dutra também tem o trânsito interrompido na pista expressa, no sentido Rio, devido à queda de barreira. A interdição ocorre entre os quilômetros 193 e 194, na região de Santa Isabel (Grande São Paulo).
A rodovia Anhanguera apresenta tráfego interditado na altura do km 36, em ambos os sentidos, devido a alagamento na região de Cajamar, na Grande SP.
As chuvas da última noite fizeram com que a Sabesp, empresa paulista de saneamento, abrisse as comportas da represa Paiva Castro, em Mairiporã. A represa faz parte do sistema Cantareira, ao norte da região Grande São Paulo.
Segundo a Sabesp, a represa encheu de forma muito rápida e, por volta das 4h30, as comportas foram abertas para evitar que a barragem se rompesse. Não fosse pela represa, segundo a Sabesp, o efeito das enchentes sobre as cidades de Francisco Morato e Caieiras teriam sido maiores.
Na capital, o trânsito foi recorde do ano no período da manhã, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). O pico foi de 177 km de congestionamento às 8h30 –a marca anterior havia sido de 126 km em 23 de fevereiro. Historicamente, o maior congestionamento ocorreu em 23 de maio de 2012, dia em que houve greve de funcionários do Metrô e da CPTM.
Por volta das 7h desta sexta-feira (11), a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrou 67 quilômetros de lentidão em São Paulo. Uma das vias mais congestionadas é a Marginal do Tietê sentido Castello Branco, com mais de 20 quilômetros de congestionamento. Há pontos com muita água na via. A Marginal do Pinheiros também ficou congestionada. Os alagamentos também causaram lentidão nas linhas de trens.
Pela manhã, quem utilizava os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) enfrenta problemas nesta manhã devido a alagamentos na linha férrea. A linha 7-Rubi está parada entre as estações Perus e Caieiras devido a água nos trilhos. A circulação ocorre apenas entre as estações Luz e Perus. Já a linha 9-Esmeralda opera em uma única via entre Barueri e Itapevi.
O Aeroporto Internacional de Guarulhos ficou fechado desde às 23h50 da quinta-feira por causa da chuva forte e reabriu às 6h06 desta sexta. A concessionária GRU Airport informa que 35 voos atrasaram e outros cinco foram cancelados entre 0h e 8h no aeroporto de Guarulhos, o mais movimentado do país.
O terminal tem 810 voos diários. Os atrasos ocorreram porque a chuva alagou uma subestação de energia, o que fez apagar as luzes que iluminam a pista do aeroporto. A situação se normalizou às 6h, e os voos aos poucos começaram a sair. Às 11h, não havia nenhum voo com atraso superior a 35 minutos, segundo a concessionária.
O empresário Nelson Ferreira de Sousa, 51, que estava em uma aeronave da Copa Airlines, disse que seu voo foi desviado para Viracopos, em Campinas. O avião com cerca de 150 pessoas deveria ter pousado em Guarulhos, por volta da 1h. “O comandante disse que houve um problema de luzes na pista de pouso por causa do mal tempo”, explicou Sousa.