No último fim de semana, técnicos do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) flagraram no Mato Grosso desmatadores utilizando correntes de aço gigantes para derrubar partes da floresta Amazônica. O fato ocorreu na cidade de Tapurah, a 415 km de distância da capital Cuiabá.

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A técnica, conhecida como ‘correntão’, é empregada por fazendeiros na derrubada ilegal de grandes árvores e na limpeza de propriedades. De acordo com a instituição, centenas de árvores nativas, entre elas o Jatobá, Cambará e a Itaúba, são derrubadas pela corrente, que ganha força ao ser puxada por um trator.

Ela atinge a parte mais baixa do tronco e sobe até a copa, tirando a árvore pela raiz. Mas antes, parte da vegetação com maior valor comercial é retirada e levada por caminhões para outras localidades.

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"A fauna local ou qualquer outro tipo de vida silvestre não são poupados", afirmou Evandro Carlos Selva, chefe do Ibama em Sinop.

Imagens de satélite orientaram as equipes de fiscalização por terra e um helicóptero sobrevoa as áreas desmatadas, que auxilia na definição dos locais. Em Tapurah, os agentes encontraram uma antena de telefonia celular provisória, utilizada pelos criminosos para acompanhar a polícia e que auxiliava na fuga antes da chegada dos fiscais.

Responsabilidade

Nos últimos 50 dias, foram registradas 30 novas áreas de desmatamento somente no Mato Grosso. A devastação acontece em uma área de transição entre o Cerrado e a Amazônia, região que já foi explorada no passado e agora sofre novo ataque.

De acordo com Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado teve 480,3 km² dos 593,0 km² de desmatamento detectados entre março e abril na região da Amazônia legal. Os dados foram obtidos por meio do sistema de desmatamento em tempo real da Amazônia Legal (Deter) O governo federal não sabe o que provocou esta aceleração do desmatamento.

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Investigação

De acordo com o Ibama, das 10 maiores áreas desmatadas no estado, seis pertencem ao empresário Valdemilson Badalotti, da cidade de Chopinzinho, no Paraná. A instituição afirma que ele foi responsável por destruir 6 mil hectares (60 km²) de florestas sem a licença concedida pelo governo estadual. Badalotti confirma que houve a derrubada de árvores, mas nega que tenha cometido irregularidades.

"Nós abrimos sim uns pedaços ali. A gente fez dentro do que é possível derrubar e ficou mostrado que não fiz nada de errado. Na verdade eu tinha que ter a LAU (Licença Ambiental Única) primeiro. Esse foi nosso erro, admito, mas a gente vai regularizar", disse o empresário.