O desmatamento na Amazônia deve reverter em 2011 uma tendência de queda que vinha desde 2008. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados ontem, mostram que o acumulado do ano até agora atingiu 2.429 quilômetros quadrados (km²) de área desmatada, contra 2.295 km² no ano passado. Isso sem contabilizar as árvores derrubadas em julho mês que encerra o período anual de avaliação.Ou seja, mesmo que não tenha havido qualquer ação de desmatamento na Amazônia no mês passado, o crescimento da taxa entre agosto de 2010 e julho de 2011 atingiria 6% se comparado ao mesmo período do biênio 2009/2010. A possibilidade de desmatamento zero em julho, porém, é remota, já que o mês de seca (o chamado "verão" amazônico) costuma ser o pico da devastação.
Em junho, os dados do sistema Deter que acompanha o desmatamento em tempo real, mas com menos precisão indicaram uma devastação de 312,69 km². É um aumento de 28% em relação ao mesmo mês do ano passado e de 16% em relação a maio deste ano.
Em 2010, a Amazônia registrou o menor desmatamento já medido desde que o Inpe começou a série histórica de acompanhamento com satélites, em 1988. Foram 6.451 km² medidos pelo Prodes, o sistema que dá a taxa oficial. Em 2009, o desmate havia acumulado 7.464 km².
O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, chama a atenção para a diferença entre os dois sistemas do instituto. O Deter é responsável pelos alertas de desmatamento. Mais rápido, é menos preciso, não alcança pequenas áreas. O Prodes, no qual se baseia a taxa oficial anual de desmatamento, alcança áreas menores, mas só considera o corte raso de árvores.
Câmara confirma o aumento de 35% nos alertas de desmatamento do Deter no período de 11 meses. Mas não autoriza o mesmo tipo de projeção para a taxa oficial anual. "Ainda é cedo para extrapolar estes dados para o cômputo anual do Prodes. Ainda faltam os dados de julho de 2011 para fazer uma avaliação melhor", afirmou o diretor do Inpe.