Brasília Um levantamento encomendado pelo governo e realizado pela Faculdade de Saúde Pública de São Paulo revelou a precariedade da vida de crianças que moram em assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O trabalho, que analisou 1.428 menores de até 5 anos residentes em assentamentos do semi-árido, constatou que 14,8% deles apresentavam altura bem menor do que a esperada para a idade, revelando um indicativo de desnutrição crônica. Trata-se de número alto, sobretudo se comparado ao índice geral de déficit de crescimento de menores de 5 anos residentes na mesma região: 6,6%, ou seja, menos da metade do porcentual encontrado entre crianças de assentamentos.
Para o secretário de Avaliação e Gestão de Informação do Ministério do Desenvolvimento Social, Rômulo Paes de Souza, os altos índices de desnutrição nos assentamentos não surpreendem. "Isso mostra a urgência de ampliarmos o investimento nutricional nesses locais", afirma. Do grupo analisado, 663 crianças eram de famílias inscritas no programa Bolsa-Família. Muitas eram beneficiadas também por outros programas assistenciais do governo. No entanto, a despeito desse esforço, a qualidade de vida dessas famílias ainda deixa muito a desejar, o que, para o secretário, encontra explicação na frágil infraestrutura básica. "Elas têm muito menos acesso a serviços de saúde e educação", afirma Souza. Para ele, é preciso dirigir a esses grupos programas mais completos. Hoje, em assentamentos do semi-árido vivem aproximadamente 102 mil crianças.
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