O empréstimo de 72 milhões de euros da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), formalizado no fim do mês passado, prevê que as obras no Trecho Norte da Linha Verde e a recuperação do entorno do Rio Barigui sejam concluídas em até cinco anos. Nesse período, uma desvalorização do euro poderá gerar um problema semelhante ao que houve nas obras da primeira fase da Linha Verde. Em 2003, a prefeitura de Curitiba emprestou US$ 134 milhões do Banco Interamericano de Desenvol­­vimento (BID) para fazer toda a Linha Verde, implantar binários, reformar terminais e revitalizar a Avenida Marechal Floriano Peixoto. Por causa dos juros mais baixos, a prefeitura optou por fazer o empréstimo em ienes, moeda japonesa. Na época, os cerca de 14 bilhões de ienes equivaliam a R$ 481,5 milhões.

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Como o real se valorizou e houve desvalorizações do iene e do dólar, a prefeitura perdeu capacidade de investimento. Em 2008, o valor emprestado girava em torno de R$ 214 milhões. Segundo o presidente do Ins­­tituto de Pesquisa e Pla­­nejamen­­to Urbano de Curitiba (Ippuc), Cléver Almeida, as obras no Tre­­cho Sul da Linha Verde custaram R$ 120 milhões – o valor chegou a R$ 160 milhões, se consideradas as obras no entorno, como os binários (para cada estação foi feito um binário). "Na época (do empréstimo), o dólar estava em R$ 3,70. Com esse valor, teríamos feito toda a Linha Verde. Mas perdemos praticamente me­­tade só na desvalorização", argumenta.

Como os recursos não foram suficientes, a prefeitura saiu atrás de um novo empréstimo. Cléver Almeida adianta, no entanto, que os 37 milhões de euros (cerca de R$ 94 milhões, na cotação do euro da última sexta-feira) emprestados pela AFD serão suficientes apenas para a implantação do Trecho Norte da Linha Verde, sem contar as obras no entorno. "Tem uma série de obras complementares. Algu­­mas serão feitas com recursos próprios. Ou, até o fim da obra, teremos de buscar recursos com outros financiamentos", adianta. Mas o plano só vale se não hou­­ver uma grande desvalorização do euro. "Estamos sujeitos à oscilação durante esses cinco anos", afirma o supervisor de implantação do Ippuc, Edemar Meissner. O empréstimo da AFD foi feito com juros de 3,87% ao ano e o prazo para pagamento é de 20 anos. (JML)

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